CAPIAU LARGANDO A NET

Nos meu matim do sertão,

andei já pintando o sete

e, pur corda do Elesbão,

eu fui bater na ternet.

Certo é qui sou desletrado,

porém cum força e vontade,

lasquei as mão no teclado,

virei moço da cidade.

Lá, virava, remexia,

dava cum donas pelada,

mar meu forte, em fantasia,

era tecrar c’as casada.

Um dia, a noite já arta,

dei de testa cum Delana,

uma seiúda e bem farta

de bumbum, muié bacana.

Cunversa vai, por ali,

eu vi qui tinha cacife,

mar porém, ói, engoli

cum ela o premêro chife.

Adispois, outros vinhéro,

e, sortero cuma ainda,

num quis mais a net a séro,

hoje tô só cum Carlinda.

Dos ar ‘tou indo s’imbora,

e amô só um, de verdade;

tombém, lá só tomei fora,

e num vou cum farsidade.

Naquela tá de ternet,

eu dei cum belas muié:

Lia, Jussara, Janete,

mêrmo uns traverti... inté.

Saí bem narguns momento,

noutros foi tudo doideira;

de longe amá é tormento,

e eu fui cair na besteira.

Inté, ternet sacana,

chêa de munta ternura,

mar vai s’oiá, tu m’ingana,

que nem maxixe em fervura.

Inté, ternet marvada,

de si num levo sordade,

pruquê só peguei marrada

das muleres da cidade.

Já fuuui, de peito lavado...

Matuto, quá nóiz, daqui,

só deve é butar roçado

nas terra do Cariri.

Fort., 30/03/2010.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 30/03/2010
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