Cidade pequena em dia de festa é confusão e muita alegria. Cheiro gostoso no ar.
Bolo de fubá, de milho, tapioca e cuscuz. Cocada no tacho, canjica apurando, pé de moleque e paçoca.
O quentão no fogo baixo, milho quase cozido. Delícias.
Bandeirinhas coloridas agitam e o vento frio promete ajudar os casais mais afoitos, cantinhos mal iluminados para os namorados. Beijos com gosto de maçã do amor.
Santo Antônio padroeiro da cidade é festejado em vaquejada e procissão. Mocinhas fazem promessas e simpatias pedindo marido trabalhador.
O Padre balança a cabeça, lança um ar severo, logo estão ajudando a arrumar o grande salão paroquial. Primeiro a obrigação, depois a devoção.
São João e São Pedro estão no altar montado na praça, senhoras devotas em suas mantilhas, entoam a ladainha da tarde. Tradição.
 Crianças brincam , admiram a fogueira montada no pátio e esperam a hora de apreciar o fogo.  Explodem  estalinhos e estrelinhas, soltam bombinhas e pedem guloseimas.
Componentes das quadrilhas preparam-se para as apresentações. 
O sanfoneiro bebe uma cachacinha na barraca das batidas, conta histórias do folclore local, do tempo em havia mula sem cabeça e caipora.
Há quem diga que ainda correm pelas mata fechadas e após algumas doses da branquinha de Paty do Alferes , tem gente jurando que os sacis visitam os sítios para pitar nas noites de lua cheia.
João do aipim perdeu o braço ainda menino na máquina de cana e anda enrabichado pela viúva do Alceu. 
Vai usar o correio do amor, meninos e meninas vestidos de anjos que trocam bilhetinhos durante toda a festa aproximando os apaixonados.
Os jovens riem chamando de e-mail caipira. O auge da  festa acontece quando a música começa. 
 Os  pares no forró rasgado esquecem as dores da vida, a lida da roça e o cansaço. 

Balões no céu estrelado, rojões e muita animação. Noite linda de lua imensa, clareando o terreiro e inspirando os apaixonados.
Hoje tem Arraial na Roça....Anarriê , Balancê, Changê  de dama e cavalheiros.....
Quem não dança, bate palmas, acompanha as modinhas e o sanfoneiro. 
 
É uma beleza assistir a festança, não podemos deixar as tradições serem esquecidas, fazem parte da nossa história, vidas e melhores lembranças.

Brasil, terra boa de lendas e causos, rica em acervo popular e festiva por natureza. Lá vem o Rei da Vaquejada, traz o boi campeão e exibe para a meninada. Os pequeninos da cidade grande arregalam os olhos, impressionados com a beleza e porte do animal.

É vida simples mas que não tem preço, de passarinhada e mansidão.  Os dançarinos da quadrilha balançam os lenços em despedida. 
Até o ano que vem, mas volte mesmo, o arraial vai ficar mais bonito com a presença de todos. E da próxima vez, arrisque um passinhos. Inté...




Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 21/06/2008
Reeditado em 07/09/2008
Código do texto: T1044803
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