Apenas mais uma criança
Em uma noite, no escuro de mais uma noite, no silêncio até mesmo impossível de uma noite, ouve-se o barulho de um objeto ao chocar com o chão duro e vislumbra-se neste mesmo chão, iluminado pela luz artificial um corpo, mas não é apenas mais um corpo e sim o corpo de uma criança indefesa, brutalmente ali jogada pelo ciúme doentio de mentes vazias de sentimentos humanitários e recheada de torpes vontades sobrepondo ao bom, ao belo e ao respeito ao próximo, ainda mais de um ser na flor da idade, ainda uma vez mais, sem condições mínimas de defesa.
Em meu pensamento, no meu pensar, ratos, nada mais que ratos. Até quando ainda vamos ter que presenciar cenas dessa natureza, uma natureza doente e carente de tudo aquilo que podemos chamar de certo, de amor, principalmente do amor fraterno, próximo e não só do próximo perto, parente e convivente diário, mas de qualquer ser que possamos chamar de próximo.
Acreditem ou não eu choro, escondido mas choro, choro ao pensar na dor dos que não concordam com atos tão, digamos assim impensados. Basta, chega de tratarmos nossos semelhantes como se fossem objetos inanimados, pois até os objetos merecem respeito, quando mais aqueles que torturados soltam lágrimas como nós soltamos. Rezar apenas não basta é preciso colocar em prática a intenção da reza. Viver e deixar viver, dar espaço a quem veio ao mundo aprender o verdadeiro sentido da vida, evoluir protegido no ceio da família onde nasceu e não massacrado por esta mesma família.
Enquanto persistir no ser humano a possessão, existirá também choro de um outro ser humano na multidão.