Razão
Sinto tua falta de tantas formas, tal como das suas formas sinto assim, tanta falta. O ar gelado que toca a pele me lembra a nostalgia mórbida de outrora. Cresce aqui nos meus lábios esse desejo ardente de te ter e isso aquece esse corpo. Esse corpo, meu corpo que é seu, sente a dolorosa falta do teu corpo, que é meu. No meu baú de pequenas dores, entre cartas e pequenos símbolos do meu passado, eu acho o que ele – o passado – me tirou. Um pequeno e frágil pedaço de esperança. Ah, como vale agora! O dia seco de ruas molhadas, de sopros gelados e devaneios de abraços quentes resolve se comparar ao passado: Vem me dizer que há uma nova razão. “Razões nunca me faltaram!” - grito ao nada em resposta. “Respostas nunca me ajudaram” – Confidencio a mim mesmo.
Abro os olhos para a verdade agora, não enxergo, mas miro. Caminho em sua direção e lembro da razão agora. Algo novo em mim: Sonhos mais irreais, menos distantes. Ao meu redor, imagens viajam no branco celestial que me envolve. Eu pulo entre os espaços e as imagens se movem, se renovam, crescem, diminuem, acendem, apagam.
Olhos me fitam. Ternos, me acompanham. Sigo em sua direção, parecem felizes e me pergunto o motivo. Reconheço-os, lembro-me agora. Teus olhos, tão meus, tão nossos, tão novos em luz, tão familiares em amor. Amor meu! Teu e nosso como todo o resto que nos pertence. Amor! Algo novo, pois se renova. Algo esplendido, pois vem de ti.
É, amor!
A brisa gelada toca mais uma vez, mas o pequeno pedaço de esperança, agora me aquece enquanto teu corpo não chega e o faz.