Prognósticos
Cólera...
Preciso expor o meu avesso abstrato que em palavras me vem como sentidos. Do pragmatismo que têm me assolado nesses últimos dias. Tenho sentido certa inquietação das quais não posso conviver e nem me indagar... Nem ao menos parecer literário, já que não passa de um manifesto sentimental, um desabafo que em amadorismo transponho.
Tem certas coisas que me tem incomodado e, por me ultrapassarem, deixam-me com certa aflição... Como explicar? Sentir precede o saber?
Não sei ao certo, mas a mim ultrapassa qualquer entender e eu queria era apenas sentir, sentir me transgride e não o entender. Sinto-me ignorante, pois penso em significados e me descubro em possibilidades infinitas e volto à minha origem primitiva, ao meu ponto de partida, à pureza da ignorância decente e digna que nasceu em mim e tive de ir juntando em “saber” e me perdi. Quanto mais tento voltar, mais me afasto do meu princípio, começo a querer entender e voltar no meu início e logo me vem às possibilidades das coisas. Ah... E eu queria que a minha vida fosse feita apenas de coisas neutras sem precisar ter que saber das coisas! Aflige-me porque quero ser indiferente aos fatos e me aguça a curiosidade de “querer saber o por quê ?” dessa existência interior conflituosa... Estou sendo prolixo? Desculpe-me, pois assim me é... Sei que as pessoas são diferentes umas das outras e cada humano sente a cada qual a sua forma e sensações e essa relatividade que existe no mundo é uma das inúmeras coisas das quais me irritam.
Claro, as pessoas vão dizer: “ah, mas isso existe para pensarmos e descobrirmos o sentido da vida...” e um monte de outras coisas vazias que elas nem sabem ao certo (entendeu a relatividade?) e vou logo lhes perguntando: (lá vem meu pragmatismo) “e quem foi que inventou sentido na vida? Precisa mesmo? A vida é tão vazia assim que precisa ter um sentido pra ela ter um motivo pra existir? Será que não está tudo errado desde o princípio?” Oh “Deus” ! Por que disso tudo? Que livre-arbítrio é esse que fez do ser algo tão individual e particularmente único a tal ponto dele mesmo não se compreender?
Tenho raiva das pessoas que buscam e tentam sempre encontrar um sentido pras coisas, pra serem o quê? Felizes? Para que serve isso? (não confundir com inveja, já disse que odeio inquietações) Vida! Peço-lhe em humilde pretensão que sua grandeza me acolha e me entenda. Faça de mim um ser que não queira saber de tudo e me satisfazer com o que acho que sei a respeito da vida e possa viver... Que me faça contentar com o “apenas”. Que me faça ver dignidade na ignorância! Que eu consiga viver em harmonia comigo sem ter medo da abrangência sem fim da existência. Que veja meus pecados não como erros, mas como tentativas de encontro, pura curiosidade que às vezes me entreguei. Que não me faça ser alienado a mim. Que me dê alguém, não para trocar solidão e dividir tristezas, mas para me adir quando eu finalmente entender o seu sentido e puder repartir sem me subtrair. Que me acrescente já que a vida é sempre mais e nunca menos. Multiplique-me a ponto deu ver no outro um pouco de mim e seja bom, mostre que a vida é mais que felicidade e eu descubra seu real segredo... Que eu não seja egoísta e nem me resigne ao maior, que eu me levante sempre, que eu seja torto em meio a lapidações e me encaixe, que eu saiba juntar os instantes, que eu seja à esquerda e me vejam como uma possibilidade, que eu não precise ser nem ter e chegue ao meu final sem que eu tenha de cumprir nada, que eu não tenha a obrigação de vivê-la, que eu não seja nem procura nem busca, que eu não seja eferveção nem mornidão, eu não seja isso e nem aquilo, que eu possa viver com o pouco e significar tudo, que o “real” seja apenas compreender e pronto. Que, que, que... O quê? Quero ser livre!
Oh Vida, se tu és o não entender então eu já te sinto e começo a aceitar...