A nossa ressonância
Às vezes eu fico pensativo quanto ao poder de impacto que temos sobre as pessoas que nos cercam. Um poder que, tenho para mim, nem ao menos temos noção. Isso porque nossas ações reverberam de formas e em intensidades que, sinceramente, desconhecemos. Assim como um gesto nobre de nossa parte pode, amanhã, ser por nós esquecido, mas eternamente lembrado por aquele a quem lhe dirigimos, uma atitude insensata e fria pode, da mesma maneira, ser por nós ignorada, mas causar uma cicatriz permanente naquele que fora vítima de nossa insensibilidade. Esses dias me deparei com um pensamento que me fez refletir bastante sobre isso…
“Muitos não fazem por mal, mas não sabem o mal que fazem”
E é isso. Às vezes não nos damos conta de nossas ações no mundo, mas elas causam impactos significativos e duradouros, seja para o bem, seja para o mal. Cabe a nós nos indagarmos sobre o impacto que temos causado no mundo. Será que temos marcado aqueles que, por algum momento, cruzam o nosso caminho de forma positiva ou de forma negativa? Para além disso… Que tipo de impacto estamos realmente interessados em deixar? Podemos pensar que não, mas temos responsabilidade sobre a humanidade da qual pertencemos. Apesar de existir um pensamento extremamente individualista que nos faz crer que nossas ações são apenas da nossa conta isso é, em alguma medida, equivocado, sobretudo quando nossas ações, ainda que não tomemos conhecimento, influenciem a vida de alguém. Estamos conectados, lembremo-nos. Não estamos isolados em uma ilha distante. Ao contrário. Compartilhamos da vida. E, portanto, aquilo que fazemos ressoa no mundo. Que tipo de ressonância temos provocado?
Não sei se é a ingenuidade da juventude… Mas acredito que se pensássemos por essa lógica o mundo seria um lugar melhor. Não que erros não fossem acontecer, e não que, vez ou outra, não “pisássemos na bola” com alguém. Ao menos retrocederíamos em nossos passos e pediríamos desculpas, trataríamos de cuidar das feridas que causamos e, humildades, reconheceríamos a dor que provocamos. Não seríamos insensíveis, mecânicos, friamente práticos, como alguém que, ao atropelar uma pessoa, foge sem prestar auxílio. Seríamos como o sujeito que, nada tendo a ver com o que aconteceu, desce do próprio carro para ver aquele que, agonizando, suplica por socorro. Isso porque saberíamos que ao ajudar uma pessoa poderíamos estar salvando uma mãe de perder o seu filho, uma criança de perder o seu pai, um alguém de perder o seu melhor amigo… Ao mesmo passo que ao ferirmos alguém estamos, na mesma medida, ferindo a tantas outras pessoas. E é por isso que digo que nossas ações têm impactos que nem mesmo nós conhecemos. A gente não imagina a magnitude da nossa ação no mundo. Isso não é assustador?
(Texto de Amilton Júnior - @c.d.vida)