O outro

Quando olhei, fui sugado por quem já me via nas infinitas órbitas que me habitam. Não, não se trata de Lourdes, da pedra ou do tempo, essa ilusão hermenêutica; antes, de tudo que é cruzado entre a sombra e o fogo e da minha própria linguagem cruel e raquítica. Diante da constatação inequívoca da perspectiva que me faz outro, ascendo ao céu que descreve essa trama. É que aqui o lá se atualiza, nesta presença solar e antiatômica. É que o todo antecede a totalidade, que é de coisa e de espírito, e o antes e o depois se nuclearizam. E, em tudo, a sua presença, que assusta os desavisados e enlouquece os empedrados. Acontece que, em tudo abarcado, morrem o tempo e a linguagem, morrem a distinção e esse olhar assim que me vela. Mas sua presença o recupera, sem o esforço de engendrar o que é o posto, que agora é quem fala, e sou eu e é você, nessa insdistinção que nos coloca na coisa.