A Letra Escarlate

A Letra Escarlate

Ontem reassisti o filme, A Letra Escarlate, um filme ambientado no ano de 1666 quando a igreja católica dominava o mundo. Achei maravilhoso da primeira vez que assisti e resolvi vê-lo novamente. Basicamente se trata de um romance proibido em meio a uma época em que a mulher era tida como totalmente inferior e desvalorizada. É interessante quando a gente revê certos filmes e começa a compará-los com os dias de hoje e percebe que pouca coisa mudou nesses anos que se passaram, é desanimador ver o quanto as mulheres tiveram que lutar e ainda lutam para terem direitos que antes só pertenciam aos homens. Conquistamos o direito de escolher com quem nos casamos, o direito de poder estudar em escolas, trabalhar fora de casa, votar, dirigir, ter salários iguais, mas ainda falta muito, mesmo na questão de salários, aqui e em muitos lugares do mundo, recebemos bem menos do que os homens, fazendo os mesmos serviços, as vezes até mais que eles. Nós mulheres ao longo dos séculos tivemos que nos submeter a casamentos arranjados, com homens que mal conhecíamos, tivemos que ter filhos em condições precárias, muitas delas levando a morte, sofremos violência doméstica por parte dos homens e ainda assim eles foram inocentados porque isso era um direito deles. Nós mulheres saímos das cavernas onde éramos arrastadas pelos cabelos, para sermos donas de casa, professoras, empresárias, pilotas, cientistas, atrizes, políticas, cabelereiras, manicures, influencers, programadoras, enfim, uma gama de profissões que com exceção de algumas, durante muito tempo pertenceram apenas a homens. Nós mulheres fomos vistas apenas como objeto sexual e parideiras durante muitos e muitos séculos. A Inquisição deixou um rastro gigante de mulheres queimadas na fogueira por serem consideradas bruxas. Mulheres simples que utilizavam ervas para curarem doenças, um recurso normal para a época, já que ainda não haviam sido criados remédios como temos hoje. Por esse motivo e por muitos outros que nada tinham a ver com bruxaria essas mulheres foram torturadas e queimadas vivas sem nenhum julgamento pela igreja. O triste é saber que nesses quase 1000 anos que se passaram pouca coisa mudou em relação a esse absurdo. Pior ainda, até hoje temos pessoas acusando outras de bruxaria como se isso fosse possível, como se alguém tivesse poderes de trazer riquezas, doenças ou até mesmo a morte. Em programas de televisão, em vídeos nas redes sociais vemos religiosos gritando alto dizendo que a bruxaria existe, que o Diabo está por trás de tudo, que a vida das pessoas está ruim porque há bruxos ou bruxas fazendo algo para que isso não aconteça. É inadmissível que em pleno século 21 as pessoas ainda acreditem nesse tipo de babaquice. E o pior de tudo, é que elas não só acreditam como levam outras a acreditarem no mesmo absurdo. Isso só prova uma coisa, que a religião que já matou mais que todas as guerras no mundo, continua matando. Que a religião mal interpretada leva a barbárie, leva ao extermínio, como estamos vendo o exemplo agora em Israel e Palestina e como já vimos durante a 2ª Guerra Mundial. E eu me pergunto: Até quando?