ROTINA
"Todo dia ela faz tudo sempre igual. Me sacode às seis horas da manhã"... (Chico Buarque, Cotidiano)
Rotinas fazem parte da nossa vida. Alguns amam, outros odeiam. Outros ainda, tentam fugir delas.
Há quem incentive que seja estabelecida uma rotina para se alcançar um determinado objetivo. Há quem incentive a fuga da rotina, para que se experimente coisas novas e desafiadoras. O fato é que, em maior ou menor medida, todos temos rotinas em nossa vida.
Já estive nos dois times, dos que amam e dos que odeiam as rotinas. Hoje apenas aceito, e sigo conforme o necessário. Danço de acordo com a música.
Tenho minhas rotinas essenciais, que faço questão de mantê-las para que eu fique bem. Faço caminhadas ao nascer do sol, leio livros de variados temas, e escrevo todo dia um pouquinho. Preciso disso. Salvo exceções, não abro mão dessas rotinas diárias.
Nas rotinas obrigatórias tem o cuidado com minha filha e minha mãe, meu trabalho, os dogs que moram lá em casa. Não tem como fugir dessas, então tento fazer com dedicação e carinho, pois não quero que se tornem um fardo.
Para não ficar na mesmice, para não enlouquecer engessada em rotinas oprimentes, procuro fazer pequenas mudanças no meu dia a dia. Mudo o percurso das caminhadas, mudo o trajeto para o trabalho, mudo o sabor do omelete do café da manhã, mudo o jeito de fazer o lanche da filha. Pequenas mudanças, quase imperceptíveis, que dão uma movimentada na rotina.
Penso que a vida se faz assim. Pequenas mudanças, alterações na rota, que renovam a forma como encaramos o dia, o momento. Algumas vezes as rotinas são mudadas drasticamente, como um tufão que tira tudo do lugar. Depois do susto e medo que o tufão causa, depois que a poeira começa a ser retirada, vamos construindo novas rotinas, novos caminhos, novas práticas. E a vida vai seguindo, de pequenas mudanças, de marcas quase invisíveis, mas expressivas, de rotina em rotina.