REVIRANDO AS GAVETAS
Hoje o dia amanheceu estranho.
Não sei o que aconteceu durante a noite, mas amanheci revirada.
Pensamentos em turbilhão, como um violento tufão, tirando as coisas do lugar.
Sentimentos confusos e misturados, indo e vindo, girando como redemoinho.
Precisava por um pouco de ordem nessa bagunça.
Por causa disso, comecei a revirar as gavetas.
Permiti que as dores fossem acessadas e os pensamentos doloridos saíssem.
Deixei a dor doer. Mais do que isso, apertei a ferida para sentir a dor.
Escarafunchei meus textos mais antigos, penosos e saudosos, cheios de sombra e lágrimas.
Revisitei as emoções escondidas neles.
Surpreendi-me com as esperanças embutidas nas entrelinhas.
Revirei a gaveta da alma, joguei tudo pro ar.
A bagunça continua, e o trabalho será longo.
Mas agora já consigo respirar.