Fim?
Mais uma vez, o ano se acaba, mas nada se acaba, tudo continua, numa eternidade cíclica de esperança e desilusões. A cada ciclo, as desilusões se acumulam e a esperança perde força. Tentamos reacendê-la, camuflando algumas desilusões para, num novo fôlego, nos enganar com algo novo. Nada é novo.
Resgatar momentos bons vividos, sorrisos sinceros, amor verdadeiro. O que se foi, se foi. Não acaba nunca, mas não volta. Os sentimentos envelhecem, amadurecem. Sorrisos já disfarçam o que não se pode demonstrar. Amores se degladiam, tentando impor-se um sobre o outro. Mas ainda assim nos vestimos de branco, de azul ou de vermelho, assistindo televisão, onde cantam e estouram champagne, fazendo a felicidade, fake para aqueles que têm seus sentimentos amadurecidos e legítima para outros, que ainda têm a força e o vigor da esperança.
Não é questão de "velhos" e "jovens", mas o ciclo que não se acaba e, a cada fase, em cada momento, temos tudo e todos num mesmo ponto, nos iludindo, nos desiludindo, envelhecendo. Criamos a ilusão de que o ciclo se reinicia em 01 de janeiro, porque criamos uma tradição, rituais para refletirmos sobre isso.
Um ano novo começa a cada dia, pois 365 dias virão, não importa se é dia 1 ou dia 20, nem o mês. Aliás, não importa nem as horas, se é noite ou dia. Queremos acreditar que existe uma data, um ponto místico que mudará o universo e cada um de nós. Por quê?
Porque abriremos champagne, comeremos Perú...usaremos roupa nova?
Que tudo seja bom para você, para todos. Não apenas a partir de 01 de janeiro, mas já, agora, nesse momento, nesse novo futuro que começa agora e terá horas, dias, meses e anos.