Como vivem os melancólicos?
Desde o início há o escuro e o silêncio. Os sentidos operam clandestinamente e, vez ou outra, buscamos ouvir o sussurrar da vida.
Estranhamente a vida nos foge aos sentidos. O escuro é a melhor companhia em dias de sol e a tempestade é o melhor presente em meio a calmaria. A neblina enfeita a feiura dessa vida ridícula e os trovões saltam aos barulhos da morte.
A melancolia da noite é a alegria dos dias de sol. Me banho no escuro e sintonizo minha angústia ao silêncio. Bailo e bailo e bailo.
E de repente, nada faz sentido. A vida se faz e desfaz nos trejeitos da morte e toda representação vivida pintada até agora é borrada com a presença do que sempre esteve lá. Então o início também é o fim e a felicidade também é a tristeza. O amor romântico perde espaço para a solitude, seja ela bem quista ou mal quista, não importa, ela prevalece nos corações que não amam.
E o amor... Ah o amor. Ele se esvai e se perde no desencanto da dor que, por ironia, também é parte do amor. O afeto desenterrado se apresenta como um turbilhão no coração de quem um dia amou e se feriu. Nesse momento, um corpo se vê capaz de suportar explosões intermináveis de sensações, dores, tremores... Há um terremoto dentro de mim.