Dualismo
— Mas…
— Mas o que?! Por que ainda tenta?! Por que não me deixa assumir o controle totalmente?!
Não percebe que isso é o melhor para nós dois?
— Não posso deixar que você aja desse jeito.
— E como você quer? Do seu jeito? Idiota! Se eu deixar você livre para fazer o que quiser nós dois vamos nos dar mal. Vamos fazer do meu jeito.
— Mas eu não quero ser assim, isso não está certo.
— Por que não? Só porque algo não é do seu jeito não significa que seja errado, além do mais, é pelo nosso bem.
— E se tudo acontecer de novo? O que vai fazer?
— Aí faremos do seu jeito.
— Então você ainda precisa de mim.
— É, talvez… Mas por enquanto eu assumo.
— Acho que somos dois lados de uma mesma moeda.
— Odeio concordar com você, mas acho que nisso você está certo.
— É raro ver você concordando comigo.
— Claro, você sabe o que tem de fazer e continua fazendo errado, mas admito que você melhorou bastante ultimamente.
— Hunrum. Você disse que agiremos do meu jeito se tudo acontecer de novo.
— Sim.
— Então acha que nisso eu estou certo?
— Sempre esteve, quanto a isso você agiu da melhor maneira possível, só depois que fez umas coisas erradas.
— Você não parece ser tão diferente de mim.
— Você tem razão, afinal eu vim de você. Também tem razão em dizer que somos dois lados de uma mesma moeda. Temos que aprender a conviver juntos.
— Parece difícil.
— É mesmo, mas precisamos chegar em um consenso, se não essa confusão vai continuar por muito tempo.
— Essa confusão toda é tão ruim, mas as confusões fazem parte do processo de mudança, não é mesmo?
— Sim, mas isso tudo vai passar.
— E esse monte de lembranças? Você quer jogar tudo fora?
— Não quero, nem posso. Tudo isso faz parte do que somos hoje.
— E o que eu faço com esses sentimentos estranhos? Não consigo nem entender e nem explicar.
— Não entendo e nem sei o que fazer com os meus, quem dirá os seus.
— Então o que faremos?
— Continuamos seguindo em frente, uma hora nós vamos conseguir nos acertar.
— Espero que não demore muito.
— Também espero.