Encruzilhada XIV
Deus, me fizeste tão falho em um mundo onde julgam meus erros
Meu pai que projetou teus sonhos em mim, lamenta que hoje sou poeta…
O que deveria ser mãe, não reconhece o impacto do próprio grito
Então a ingratidão é o título daquele que vocês criaram
Abandone essa ideia de ira.
Aprenda a deixar de lado essa soberba
Esqueça as frustrações que resultam tua preguiça
Desfaça desses materiais que te deixam avarento
Pois do próximo, você ainda tem inveja?
Ou queres apenas provar o sabor daquele luxo…
Então devore todo aquele enorme banquete
A vaidade também o levará a ruína
E a saudade sempre será corrosiva…
Em um lado são sempre pecados para resistir
Do outro são mandamentos para seguir
E um senhor que preciso estar disposto a servir
Pois caso contrário, o inferno vai me consumir…
Jamais saberei o peso de meus atos
Porém sinto o peso de minhas lágrimas
Eu sempre serei incapaz de me pôr no lugar do próximo
Pois não me dão tempo de parar naquele lugar
O doce às vezes é amargo, como um azedo doce de limão
Quem sabe quantas fábulas eu devesse escrever
Abandonado todas aquelas meras cicatrizes
Para que um dia pare de ser corrosivo…
Não posso carregar todo esse peso
Ou simplesmente aceitar o fardo de estar vivo
Então preciso livrar essa sensação de estar preso
Eu preciso novamente de um motivo…
Esse ego escorrendo em suas falas
Remoendo aquela mesma sede de vingança
afinal a raiva já cobriu teus olhos
E me pergunto quem você é…
Pegarei o tesouro de prometeu
Com as vestes de ícaro, em tua insônia
Ah pequeno ícaro… o céu não é só seu não…
Esse sim será meu verso mais odioso!
Eu juro que queria ter toda aquela energia de jovem
Mas até mesmo o café me faz mal
E de onde vou tirar forças se minhas orações sempre foram meros ecos?
Pois hoje eu terminei a minha cruzada
Como pude abandonar tudo por uma mera aliança…
Pois sempre apagaram das histórias os meus atos
Somente os reis desta terra tem relevância
Pois esses ratos só querem mais um punhado de ouro
O jovem ferreiro lapidou o ouro e fez a primeira joia
E desde então, tão caro foi aquele brilhante
Que da frustração dos pobres, tomou uma paranoia
Pois o sonho de dividir sempre foi distante
Maldito senhor que preenche de joias o teu inestimável valor
Pois sabe que as senhoras não são submissas ao teu corpo
Apenas teu ouro será capaz de saciar a sede de sua esposa
Pois você é incapaz de durar a noite toda…
Os enigmas que levam o prazer ao céu de minha boca
Mostrarei que não só de versos vive minha língua
E deixarei esse doce sabor de saudade…
Para que propague a vontade de me devorar…
Feito prole narcisa
Me desfaço em pecados
Pois a beleza externa cronos devora
Por medo de um padrão de perder o trono…
Sou mais um amante da tua beleza, Adonis
Porém sei que não posso competir com afrodite e perséfone
Pois elas te dão belas flores e declarações
E eu o perdi, igual a Dafne…