Vamos passear no cemitério
Visitar o cemitério é um experimento socia, equivale a se dizer membro de uma expedição amazônica. Frequentadores e não frequentadores de cemitérios, em circunstâncias comuns, verbalizam o medo do desconhecido e colocam para fora todas as arestas do tema. São argumentos do tipo “cemitério não é lugar de passeio”, “cemitério bom é o cemitério-parque, afinal, nem parece um cemitério”. Velar alguém por horas a fio, assim como nos séculos passados, parece balela e mórbido para alguns. Atual mesmo é sumir com o corpo e manter o velório nas redes sociais, um textinho ali, uma foto acolá. A memória pode ser perpétua, já que “a morte não é nada”, tal qual diz o texto de Santo Agostinho. Escolher o revestimento da morada eterna? Nem pensar, “não fala disso aqui dentro de casa, menino”. Seguido de um “tira essa roupa inteira e coloca para lavar. Não quero terra de cemitério aqui dentro de casa”. E olha que nem terra tem mais nos cemitérios tradicionais.