Uma paixão pelo Tim Burton
Lembro-me que quando criança havia três filmes que passavam na sessão da tarde que eu amava. O Máscara (e tudo do Jim Carrey), que fazia questão de gravar em fita quando dava, Toy Story ( que me ensinou o que é cair com estilo) e o mais excêntrico de todos, Edward Mãos de tesoura, aquele estranho personagem, a história que Tim Burton chamava de contos de fada moderno.
Lembro que me encantava pelo personagem que vivia em uma mansão, longe da sociedade, ou melhor, excluído dela, simplesmente por ser quem era. Que por conta de suas mãos de tesoura, não podia realizar um dos gestos mais humanos que existe, o toque. Nunca me esqueço da cena que Kim o abraça, algo que ele disse que não podia fazer, ou quando ela dança em meio aos flocos de neve enquanto ele esculpia uma escultura no gelo. Esse filme que me levou a paixão por histórias de personagens excêntricos, como o Frankenstein de Mary Shelley, o Corcunda de Victor Hugo (amava a animação da Disney apesar dela fugir do original), os vampiros da Anne rice (Lestat meu personagem favorito da literatura), dentre tantos outros, como o próprio Tim Burton, um jovem que gostava de se vestir de preto na ensolarada Califórnia.
Edward, até hoje é meu “conto de fadas” favorito, não foi o único filme do diretor que me vem à memória, amava o estranho mundo de Jack, lembro que uma criança do meu trabalho gostava desse filme, e se encantou quando mostrei que não era 3d, que tudo foi gravado por bonecos de verdade. Uma das frases do protagonista me marcou: “No interior dos meus ossos agora cresceu demais a curiosidade de conhecer o mundo lá fora, essa tal de felicidade”.
Também sou apaixonado pelo filme biográfico do Ed Wood, o famoso pior diretor de todos os tempos, que queria fazer seu próprio cidadão Kane (o filme de Orson Welles, onde ele simplesmente, escreveu, dirigiu e atuou). O do Ed não deu muito certo... (risos)
Esse diretor mostrou que mesmo sendo diferentes e com nossas próprias peculiaridades, às vezes não sendo o que se espera que seja o normal e o comum, que podemos construir, que podemos amar e até encantar pessoas, exatamente do jeito que somos.
Renan Souza (Schindler