Deus sobre a ótica de T.Aquino, Spinoza e Agostinho _ 2
Deus não pode ser reduzido a um subproduto da angústia existencial, pois seria negar todo um saber sobre ele e nós em troca das sensações. Subverter o suprassensível em prol da imanência, o infinito pelo finito. A lógica pela emoção, a razão pelo "nítido" da sensação, o mais que real pelo real que inevitavelmente é intensificado, supervalorizado, para aí, então, afirmarmos o "óbvio" que Deus é uma projeção de uma grande falta, haja vista, a nossa impotência frente a realidade, a existência que é acidente, logo, sem propósito. Não poderia estar mais equivocada tal conclusão, pois como a pintura a criação de Adão retrata, o homem em sua finitude e razão insuficiente, haja visto, sua queda, é a imagem do sumamente perfeito. Pela verossimilhança com a substância primeva o homem é a imagem do todo, o cogito que nos indica um antecessor, pois como uma substância poderia se originar de uma não substância? Como o não-ser gera o ser? Eis o grande absurdo que a modernidade defende. Nossa essência está contida na grande substância antecessora, infinita e causa de si mesma, eis o homem vitruviano que devemos valorar. O suma bem age a partir do que é, mas age por vontade, pois há conjunção entre ato e potência. No agir movido por o grande intelecto faz-se propósito. Age por vontade ainda que dela pudesse abster, pois Deus está determinado enquanto age a agir em consonância com sua potência, e não a agir a partir da ação. Deus age não por o ser pura ação, pois o seu ser é inesgotável, sendo assim, simplório seria reduzi-lo à uma sentença. Deus optou por criar, por não ser confinado em si. Como optou por criar o fez com um propósito. Assim sendo, existimos por finalidade e a existência não é pura forma. Deus está em tudo em intelecto, ainda que não todo. A única essência que está em Deus é o mens, não a particular que somente a nós pertence. Deus não é puro movimento, pois é infinito. Como poderia supor medir uma extensão que é por natureza imensurável? Como poderia supor movimento se não sei o limite? A substância pensante é um limite sempre tendendo, um saber que nunca é o próprio. Como há mau se ela parte de uma nomeação para aquilo que não tem definição? O mais correto seria afirmar que há mal, pois falamos a partir de nossas experiências, que é finita e insuficiente. Nossa razão não é todo. O todo é suma bem, sendo assim, o mau não é existente, e também não pode ser gerado a partir de sua negação por excelência. Sendo assim, o mau não existe como substância ontológica. Não somos substância, temos anima e mens, existimos a partir de todo o existente e todo o existente pela substância. Sabemos por em um ínfimo instante sermos. Somos quando esquecemo-nos. Existimos no não-ser e nesta existência construímos imperfeitamente tudo o que supomos saber. Somos quando não existimos, porque não somos em essência existência. Se esquecemo-nos para ser, é porque não éramos. Se não éramos, esquecemos-nos de quem éramos. Na existência esquecemos, na mais que existência lembramos. Somos o contido. Por isto tudo e muito mais reafirmo, "O a priori é superior ao a posteriori".