Amo, portanto, sou

Quero a palavra certa no exato momento, aquela que consola a alma, que é o refúgio dos que sofrem. Quero mostrar-te o quão enorme és em tua minoridade, o quão solipsista pode ser o teu despropósito, ou a tua tenra solidão do nada, o ser enquanto e é isso... Quero abraçar tua alma e fazer com que as sensações explodam em supernovas, que burlem o aferente. Quero mostrar que a voz que há em tua mente sou eu, quero mostrar-te tanta coisa. Quero mostrar que tua receptibilidade supera todo Kant e que tua razão é extremamente a frente da tua compreensão, quero mostrar-te tanta coisa. A tua capacidade (ou deveria dizer substância reagente com todas as outras?) de absorção é para além da ionização dos gases e fusões e fissões nucleares, as propriedades, as energias superam em grandeza o infinito de Pascal e qualquer outro nada, queria te dizer tanta coisa, mas ao menos desejaria que entendessem dez por cento do que escreves, assim não se sentiria tão só. Quero que entenda que a voz em sua cabeça que insiste em estar presente em todos os momentos, nos mais enérgicos aos mais impotentes, sou eu, eu que te acompanho desde a infância e espero que um dia me descubra e me ame como eu te amo _ o amor do nada em todas as suas ambiguidades semânticas _, quero que entenda tanta coisa, mas há tantos eus que me confundo a quem me dirijo ou qual outro me guia nesta escrita. Há tantas formas de amar e eu amo da pior forma, que é a mais sublime, que é ódio e dor, que tudo pondera, inclusive a loucura, que não há extremos, limites e definições, mas que ouso dizer que é o próprio, Amor. Há tantas formas de amar e eu apenas amo. Há tantas sensações e eu nem saberia mais dizer se o é. Há tanta inspiração nesta escrita que flui como rio, há tantos saberes que me mentem que já ousei esquecer tudo, minha loucura é desconhecer no saber, amar no ódio, ser no não ser. Ressuscitaste meu ser além, a-ser, a-termos, a-tudo. Sei que linguagens vagam em sua cabeça agora, mas deixe-me aliviar seu stress, deixe-me te colocar para dormir mediante o acalento e ensinar a sabedoria de Orfeu e dos deuses, deixe-me te explicar a odisseia, ilíada, sobre o olimpo, o nectar, os festivais, tragédias e o Moises Sócrates, deixe-me explicar os números e a sabedoria das somas imperfeitas, ah como eu amo a tua imperfeição, teimosia e rebeldia, como eu amo o teu péssimo gosto, como amo confirmar a máxima dos polos, do pendulo, do ying yang _ só existe dois génios, o de péssimo gosto e o de bom gosto _. Como queria ser um senhor, um velho sábio para te ensinar provérbios e as línguas clássicas, mas ao escrever este não sei o quê, não sei para quem escrevo, só a quem me refiro, através das sensações. Como queria visitar castelos da idade média na Croácia com você, e tantos outros, como queria... Queria te mostrar tanta coisa. Não há máximas de nenhum moralista que defina o que sinto por ti, não há canções de trovadores que chegue perto do meu poema indizível que se direciona a ti, não há musa que me cause admiração semelhante a que tenho por ti, não há nada de mais esplêndido que teu sorriso despretensioso, ah como amo tudo em ti. Ao escrever derramo-me em letras, esvazio-me no Tao, deixo-me e me realizo com o nada ou tudo. Tudo que é e há de vir, a causa sem nome, as cadências sem fórmulas, o autor indecifrável e os versos rápidos de uma caligrafia torta, os versos sinceros e despretensiosos, os versos de um homem simples que ao amanhecer do dia sorri ao ver o sol, os versos de um homem que nunca foi tido como algo e que nunca o será, pois não há titulo de nobreza, acadêmico ou qualquer outro que faça jus a sua grandeza ou deveria dizer minoridade? O sujeito que vos escreve é apenas um instrumento, não o ponha em um trono, seu único desejo é tomar café todas as manhas e encontrar sua mãe para que possa a abraçar. O sujeito a quem me refiro é um herói, pois de sua jornada faz superação todos os dias, de seus afazeres ele acrescenta, de sua rotina ele nunca quebra, se seu coração dói ele acrescenta e quebra. Ele é o guerreiro mais sagaz e persistente que já vi em batalha, astuto e manso, violento e calmo, que com seus movimentos suaves como pena e cortantes como relâmpago te paralisa e a qualquer um, o corpo se contorce e ele sorri lateralmente, este homem é um demônio que não mata, ele agracia o inimigo com sua espada ou seu olhar, seus gritos são como trovões, suas lágrimas tsunamis violentos, seus amores preparações em água _ Poseidon _, até os céus _ Zeus _ e por fim até o submundo _ Hades _, é onde habita seus segredos, o reflexo do seu olhar no qual faz qualquer um desejar submergir. Eu escrevo isto para um deus e não apenas para um indivíduo.

Sua doce alma, seu doce acalento ao soprar tão sábias palavras, como voz de ninar. Suas notas tão bem definidas na natureza, seu cosmos tão interior e externo. Sua ordem tão sútil ao mesmo tempo tão óbvia. Seus passos invisíveis, mas seu fenômeno visto todo dia ao acordar. Tantas vezes nos deparamos com ele em olhares e depois nada, dormimos... Somos tão arrogantes em nossa autossuficiência, tão mesquinhos em nossa pretensa grandiosidade, tão perversos e imorais ao ataca-lo todo dia, mesmo sua luz incidindo sobre nosso rosto e o soprar do vento nos refrescando enquanto espumamos pela boca em balbúrdia calunias para com ele de ações que nunca cometeu. Nos deparamos infindáveis vezes com o indizível, mas terminamos por ego, e ele persistindo em se revelar e nós simplesmente o negamos. Os jardins, as rosas, todas elas compartilham sua beleza e o que fazemos com esta dádiva? Nada! Estamos ofuscados com nossas próprias vendas, cegos com nossa própria arrogância, tão certos em nossa incertitude mórbida, tão voláteis em nossa grandeza, tão amorosos em nosso narcisismo, tão isso e aquilo, menos isto e tudo que não é o outro ou eu. Tão bonzinhos com o distante, tão cruel no impensável agir que parte o coração, tão impossível e impossibilitado, por nossa perfeição, o perdoar e deixamos assim de amar. Pensamos que amaremos a nós mesmos, mas apenas estamos caminhando ao não amor pelo desconhecer do quem sou, apenas estamos caminhando para o vazio niilista enquanto nos excluímos de tudo que é belo e não é eu ou melhor, menos eu; deixe ir!! Deixe ir!! Deixe ir!! O amor é a expressão através de mim do perfeito, o potencial que jaz; amo, pois sou!!!!!!! Amo sou!!!!!!!!

Theo De Vries
Enviado por Theo De Vries em 16/09/2021
Reeditado em 07/09/2022
Código do texto: T7344016
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