Sobre a genealogia da moral, em específico a terceira dissertação

Dado a análise moralista que Nietzsche faz do que significa ideias ascéticas, ele atribui como chave nessa análise, dado a sua evolução nas anteriores dissertações até a referida nesta análise, o conceito de virtu, em específico a *coragem* diante da vida e ao isso que é o desejo de vontade de poder, tão inerente a nossa espécie e que "deve-se está a favor dos raros". No aforismo 7 Nietzsche faz um adendo sobre o ascetismo na filosofia de Schopenhauer se utilizando para isso, implicitamente, de apontamentos e a posterior, afirmações, sobre possíveis vieses para com o fato de tratar a sexualidade como inimigo e inclusive as mulheres, não se baseando na história do paciente, do sujeito, e sim na sua conclusão com concisão sobre o fraco que é o filósofo dado o anteriormente, nas outras dissertações, a vingança como motivo real do amor judeu, e a posterior cristão, do perdão e etc... Dado o ressentimento diante do forte, gerado pela impossibilidade de fazer algo, e a transferência da função para Deus, e a punição depois da morte, inferno, além do fato de poderem apontar o dedo. Na dissertação 3, em específico o aforismo 6, vemos a afirmação como uma indicação de que a filosofia de Schopenhauer _"dele para ele"_  e dado também o budismo como simpatizável para quase todos os filósofos, foi uma tentativa frutífera de "querer-se livrar-se de uma tortura", em suma, transformar seu inferno em céu, pela submissão do desejo pela vontade, a experimentação do belo, do sublime, pela arte e em específico a música, e também dado a ressalva do Nietzsche sobre a importância do Schopenhauer ter posto o indivíduo como hermenêutica ao encarar o problema estético. A posterior na supracitada dissertação temos o sacerdote como os primeiros pensadores, dado o contexto da requerida e supervalorizada virilidade, e com motivo, dado o contexto _época de guerras_ os sacerdotes deveriam como forma de estabelecer seu valor social e respeito, projetar uma imagem que intimidasse, amedrontasse, então dado essa relação interpessoal estabelece-se implicitamente uma relação de afeto, então, ao se martirizar ele não só estaria conquistando respeito dos outros pelo estranhamento em relação ao referido sujeito, pela ação nada corriqueira, mas se levando a sério, pois está sendo estimado, até se tornarem "o possuidor da verdade". O que nos leva a pensar que a tal moeda de troca, dado o valorar do forte para com suas próprias ações e o oposto em relação ao inimigo do bom, nobre e belo é uma investigação sim psicológica reducionista, dado também a tragédia como terapêutica, e também não o é historiográfica, tendo apenas como levantamentos científicos a etimologia, sendo que o próprio Nietzsche vai indicando caminhos a se percorrerem em uma investigação mais acadêmica, sendo assim, conclui-se que até hoje o conceito de ressentimento não é usado de forma acadêmica por dois motivos:

1- Não é uma investigação historiográfica.

2- Por também não ser historicista ela o é moralista, no sentido técnico do termo, porém, que se torna um reducionismo chulo ao reduzir apenas a uma condição, mesmo que também jaz existencial.

Não dar para rastrear se isso se aplica a todos os filósofos do estoicismo, epicurismo, Sócrates, Platão e etc.. Apesar de ser um conceito forte, provocativo, e intrigante ele o é ao mesmo tempo desprovido de técnica para a sua formulação e aplicação, e se eu estiver equivocado nesta análise, então o real motivo se encontra na segunda dissertação aforismo 11. Ao pedir licença para cometer anacronismo utilizando-se para isso a teoria Freudiana, vemos que o desejo nunca cessa, e nem em suas manifestações, a pulsão que pulsa e que pinga, o desejo talvez tenha nome e cor, mas não tem endereço fixo, como bem sabemos nas teorias da sexualidade de Freud, o desejo pode até ter preferência em determinados sujeitos, mas ele em si é inominável, é um abismo como bem destacou Schopenhauer na sua analogia, e tendo-se o gozo mórbido, tendo-se a pulsão de morte, temos o gozo como algo muito mais complexo, e o desejo é um (-1) em Lacan, ou seja, desprovido de um significante, sendo assim, seria muito mais sábio e racional não tomar nenhum dos extremos, dado o conceito de economia psíquica, e me parece que houve uma confusão na dissertação três entre o ascético e o filósofo comum, digamos assim. Com Freud temos quase que uma dialética no aparelho psíquico, semelhante (em alguma medida) ao conceito de apolíneo e dionisíaco, e como bem sabemos, o Nietzsche se encontrava no dionisíaco, sendo assim, o oposto do ascético, e não é essa a minha intenção, escolher um time. Em termos de psique, a psicologia de Nietzsche por ser unilateral e se basear apenas em um conceito me parece extremamente específica e demasiada simplista. "O desejo não cessa de se inscrever no real", sendo assim, o que Nietzsche nos pede não é coragem, é absurdum. Nietzsche nos pede o maior dos absurdos, diria eu, mas bem sei que sua filosofia não é para todos, e que o seu forte elemento aristocrático também se faz presente e se manifesta no tão intrigante conceito de uberman, no fim, de um filósofo antinominalista que cunhou em sua filosofia um forte elemento utópico, e cheio de conceitos intrigantes, além das críticas provocativamente geniais, nada se espera a mais dele que isso, admiração.

25/01/21

Theo De Vries
Enviado por Theo De Vries em 12/09/2021
Reeditado em 26/05/2022
Código do texto: T7340416
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