Saudade

Não ha saída para o tempo, pois de todo momento seremos apenas aquilo que nos foi, que esvaiu por entre os dedos, somos o que fomos, e as saudades serão eternas!

Saudade do entalhe da madeira

Do cheiro da roseira

Do descomplicado

Do simples azarado

Saudade do meu regato

Não ha saída fora de mim, sem a imposição do eu sobre o outro.

Saudade da aceitação

Onde o diferente é reconhecido

Onde as diferenças são superadas

Não me ocorre mais pensamentos simples

Não sou mais do que a mera ilusão complexa de existência

Saudades do que fui, e do que sou

Do beijo doce da harmonia

Do entendimento sobre o enrugar das mãos

Fomos o que fomos, e seremos o que fomos. Completos idiotas do subsolo, enfurnados na vida sobre a qual não temos capacidade de entender

Saudades da morte e da vida

Da dor sobre a ferida

Do simples gesto

Do carinho manifesto

Não ha ideologia que nos alcance, nem mesmo que possa julgar quem quer que seja.

Somos apenas flagelos do que deveríamos.

O divino deixou de ser o amor, para ser a imposição da dor.

Saudades das rodas de crianças

com dor de tamanhas lembranças

Somos humanos

Somos talvez humanos!