grief pain
Estou acordada.. falei sozinha mais de vinte minutos. Repetindo pra mim mesma o que eu estava sentindo. Ontem eu tive muita dor. Não consegui dormir. O curioso sobre os pulmões é que minha família tem o famigerado histórico de insuficiência ou tumores renais. Herdei as doenças da família. Sem conseguir dormir fui procurar doce na geladeira. Vi em cima da mesa da cozinha as fotos que minha avó tinha tirado dos álbuns por que iria trocar. Quando meu avô era mais novo ele viajava pelo nordeste, e sudeste inteiro,e sempre fotografava os lugares pra quando voltar me mostrar. Fiquei pensando comigo mesma, será que aquele homem de trinta e poucos anos, sentiria orgulho da filha (eu) do jeito que ela está hoje? Ou melhor, será que eu mesma, quando era criança, sentiria orgulho do que eu sou hoje? Com certeza não.
Quando eu era criança, eu queria ser contadora de histórias.
Nem sei se essa profissão existe.
Infelizmente não sou nada, a não ser louca. Não precisava pensar o porquê eu quero morrer em alguns dias, nem sobre o porquê que minha saudade não é relevante pra ninguém, por que eu como doce enquanto estou com dor e porquê eu adoro filmes de terror e fantasmas e ao mesmo tempo adoro os clichês da Netflix… Meu eu atual é estranho,do tipo que guarda a primeira flor que ganhou, que tem olhos brilhantes e com mania de exagerar no doce quando está triste. Neste exato momento, estou com febre. Meu sangue está com baixa taxa de glóbulos vermelhos. E minha tia roubou seis dos meus comprimidos para dormir mais tarde. No meio dessa bagunça, eu sinto uma vontade descontrolada de rasgar os pulmões, ou arrancar minha cabeça, furar meu estômago. Quando eu conto pra alguém, me sinto horrível por incomodar um ser humano com minhas esquisitices. Estou me sentindo exatamente como quando eu tinha 9 anos. sozinha não canto da sala, nem a professora gostava da minha voz fazendo pergunta. as vezes nem tem motivo para eu me sentir assim, mas o ruim da depressão é isso. ela sempre vai dizer q minhas paranóias estão certas.