Tempo no tempo

Corredor selvagem, criatura destemida feita de vidro em meio ao tempo no tempo, indo a lugar nenhum, sentindo que há alguma coisa em algum lugar que deveria encontrar. Andarilho sem rosto correndo sozinho na noite, buscando sentir o abraço do vento, deixando cada lâmina de grama passar entre seus dedos, enquanto tenta alcançar a peça faltando que não consegue encontrar, como se fosse algo a se afastar. Pássaro das asas de vidro, voando invisível na noite, vendo um mundo onde almas continuam a andar sem sair do lugar. Criatura do coração a se estilhaçar, que continua a tentar voar, mesmo que suas asas permaneçam a queimar. Humano que parece humano, mas nunca se sentiu um humano, sozinho entre os sozinhos, sozinho no tempo, fantasma sempre a sangrar da marca em sua alma, que tenta sonhos alcançar mesmo que em meio ao vazio continue a despertar.