A DOENÇA DA SOLIDÃO ( COVID19)

A doença da Solidão ( Covid19)

A poucos estava tão distante que nos pareceu algo banal demais para nos preocuparmos, era apenas umas pessoa que surgiu do outro lado do mundo com um vírus que lhe fez evoluir a óbito de uma forma rápida e desconhecida até então.

Mas o mundo se tornou pequeno demais, agora está tudo ao alcance de uma tela ou de uma simples conexão de um aeroporto. Começaram a surgir contaminações, uma cidade fechou, se estala o pânico naquele lugar, era algo novo e sombrio, tiraram todos os imigrantes, casos foram encontrados fora da cidade que começou, começa o pânico, morre pessoas, não se sabe como agir, não se tem o que fazer se não aguarda, começa a proliferação, pensávamos com nossas cabeças pobres; não chegará a nós, pois nunca visitaremos tais lugares, porém, aqueles que nunca tiraram os pés do chão morreram por aquelas que sempre estão voando longe é curtindo a vida.

Aos poucos e de forma rápido como o vento sopra a folha seca, surge os primeiros casos em todo o mundo, surge as primeiras cautelas, distanciamento para evitar novas contaminações, todo contaminado “sofre como em dores de parto”.

Atestou positivo, quarentena para não passar a quem está perto, mas o infectado sofre, precisa de ajuda, não podemos ajudar, febre alta, falta de ar, sensação que vai morrer, já não sente o gosto da comida que já lhe é entregue como que um animal em cativeiro , precisa de um abraço, precisa de alguém, ninguém pode ajudar, o medo já toma conta, o pavor, a incerteza de que vai sai dessa.

As horas passam de vagar, se instala o caos ao mundo, fomos obrigados a nós mantermos em casa, fomos levados a nos encararmos dentro do nosso próprio ser, silêncio, pavor, só podemos sair na rua se for por real necessidade, aumenta desemprego, aumenta violência doméstica, abuso de menores, aumenta tudo aquilo que antes estávamos desacostumados a querer enxergar, ansiedade, choro, solidão, depressão, aqueles que mais precisavam de atenção agora se sentem mais sozinhas, pensam na morte, a angústia leva sua alegria. Nossos idosos que antes já eram pouco visitados, passaram a zero visitas, o grupo de risco esta aumentando, aqueles que não saíram de casa de forma alguma, foram os primeiros a morrer contaminados por aqueles que saem para curtir a vida.

Aqueles que perdem parentes, amigos, não podem se quer se despedir dos corpos gelados dentro de caixa de madeira, dentro de um saco preto, a vida se torna inútil, sabemos que os culpados foram nos mesmos que deixamos de nos prevenir, que saímos para nos divertir.

Pobres aqueles que em meio a um vírus mortal, tendem a sai de suas casas para enriquecer aqueles que criticam os fechamentos, por suas ambições, por falta de empatia, por falta de pensar no próximo como a si mesmo. Pobres trabalhadores que são levados pela fome, pela falta de recursos próprios, ao risco de morrerem ou de matarem aqueles que amam, somos todos iguais diante do vírus que não tem preconceitos e nem privilégios de quem infectar e matar, mata por igual aqueles a quem se atrever a atravessar em sua frente, no entanto, aqueles que voaram longe, acabaram matando a maioria os que nunca tiraram os pés do chão, e que tinham sonhos de um dia poder viver serenamente o fruto de seu trabalho, mas foram silenciados, afastados, levados a morte e enterrados como pessoas que apenas estão fazendo parte de estatísticas governamentais que arrecadam recursos com suas mortes. Esse vírus silêncio que nos deixou na solidão, nos fez chorar sozinhos durante a noite, que nos sufocou durante dias, que nos alegrou por termos vida e por vencer as barreiras que nos deixam em silêncio total.

Silenciou a muitas vozes que gritaram mas estavam sós, pois ninguém podia abraçar e acalenta não só suas dores físicas, mais as suas dores espirituais, ninguém podia, e se foram em silêncio fúnebre de um mundo que esta em solidão e a procura de respostas.

Renato Silva.

Renatosilva
Enviado por Renatosilva em 27/04/2021
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