BRASA
eu me perdi por você.
eu perdi meu nome, minha razão e todas minhas certezas que um dia tive.
te vi fogo com brasa quente, e te abracei mesmo quando tu me queimava, quando tu me acabava e lentamente fazia de mim pó. me joguei de todos os abismos possíveis por ti, assisti a morte da minha sanidade enquanto me enroscava no teu pescoço.
você nunca foi a minha salvação.
você foi meu fim, meu declínio e minha condenação. e eu sabia disso. sacrifiquei tudo que um dia eu fui, tudo que tinha em mim por um par de toques nos teus lábios, e arriscaria tudo de novo se ainda me restasse algo.
te amava mesmo quando me quebrava inteira, quando o coração batia tão forte que quebraram minhas costelas, quando a dor me dilacerava por dentro. tu nunca foi meu antídoto. em vez disso, dia após dia eu me envenenei de ti. tomei doses absurdas do teu gosto sentindo também o gosto do meu fim, e toda vez que minha garganta queimava eu lembrava do quanto eu te amava.
o amor que foi maior que eu, que abdicou de tudo me deixando sem nada, que me tirou o sono e a paz, que me fez entrar numa guerra mesmo sabendo que era perdida.