Escrever...

Há muito tempo não escrevo. Digo no sentido de escrever para as pessoas verem, um texto para publicação, um texto de história. Apenas as páginas do meu diário físico que perdi, ou do meu diário digital que resolvi esconder entre as várias pastas do meu computador sabem por tudo que passei principalmente nesse último ano.

Às vezes eu penso em escrever só para colocar para fora todo o sentimento, sabe? O diário está aí para isso. Só que chega um momento que você fica tão submersa em seus pensamentos que você quer escrever algo artístico, um poema, um conto, uma HISTÓRIA! Mas quem te conhece vai saber do que você está falando, de quem você está se referindo, da dor que você está colocando no papel.

As pessoas estão cansadas de suas dores, dos seus pensamentos. Sua psicóloga já não te entende mais. O tempo, que era para curar tudo, não faz o trabalho dele.

Para que você escreve? Para se libertar? Para ter a opinião de estranhos sobre sua vida? Para dar indiretas para algumas pessoas? Para registrar seu momento? Para escrever...

A gente sempre coloca um pouquinho do que vivemos, dos nossos sentimentos em nossos textos. Todos os escritores fazem isso. Os da "alta" literatura e também os da "baixa". Em cada texto tem um pedaço de seu escritor. Até mesmo naqueles textos que são críticas a algo, ou aqueles jornalísticos que com toda a certeza deveriam ser impessoais.

As músicas mais bonitas que você ouve e a letra te toca? O compositor colocou um pouco de sua vivência nisso aí. Afinal, letra de música também é texto.

É difícil ser impessoal na escrita, nossos textos são nossas sutis identidades, nossos personagens são nossos sutis amigos, familiares, conhecidos...

A verdade é que tem vezes que escrever é um jeito de gritar para o mundo a sua dor, de desmascarar uma pessoa, de tentar ser notada, de pedir socorro, de colocar para fora aquilo que você não está aguentando mais segurar, porque você finge que está bem para todo mundo, mas no fundo seus pensamentos te corroem e você chora toda a noite em silêncio, então chega um momento que toda esse dor quer sair, quer gritar, quer se mostrar, quer dizer "eu não esqueci, eu nunca esquecerei".

Pena que poucas pessoas se importam com isso, poucas pessoas percebem, poucas pessoas tentam ajudar. Algumas até tentam, mas cansam e te abandonam. Mas você não as julga, afinal, você mesma está cansada, tão cansada que através do ato desesperado de escrever acredita que deixará uma resposta para o motivo de ter cometido tal atitude.

Escrever é um ato de se libertar, mas também pode ser um sinal de desespero, de dor, de angústia. Escrever está em todos os momentos da vida, é a famosa frase "na saúde, na doença, na alegria, na tristeza, até a morte..." te fazer parar de escrever.