Dobrei a esquina
Distraída e displicente
Dobrei a esquina e me desdobrei em espanto
O sorvete no meu vestido, seus olhos sob as lentes translúcidas e arredondadas
O seu pedido de desculpas e o meu total desconcerto
Eu desalinhada em vestido longo, largo e tênis xadrez
Sua mão perfeita conectada ao pulso contornado por um relógio caro que saltava pela manga do terno... sei lá... caro também...?
Meu coração gaguejando e a voz trêmula lança um “tudo bem”, nada convincente
Me viro enquanto o vejo ir elegantemente...
Estacionada ... assustada e apaixonada ... só me movimento quando a chuva cai...
As gotas refrescam minha face rubra enquanto tatua a imagem dos seus olhos em mim
O tempo passou...
Mas agora sempre que chove
eu vivo tudo de novo....