Dobrei a esquina

Distraída e displicente

Dobrei a esquina e me desdobrei em espanto

O sorvete no meu vestido, seus olhos sob as lentes translúcidas e arredondadas

O seu pedido de desculpas e o meu total desconcerto

Eu desalinhada em vestido longo, largo e tênis xadrez

Sua mão perfeita conectada ao pulso contornado por um relógio caro que saltava pela manga do terno... sei lá... caro também...?

Meu coração gaguejando e a voz trêmula lança um “tudo bem”, nada convincente

Me viro enquanto o vejo ir elegantemente...

Estacionada ... assustada e apaixonada ... só me movimento quando a chuva cai...

As gotas refrescam minha face rubra enquanto tatua a imagem dos seus olhos em mim

O tempo passou...

Mas agora sempre que chove

eu vivo tudo de novo....

Clarice Cândido
Enviado por Clarice Cândido em 19/02/2021
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