SEM NOME...
Um dia, você ainda um Ser dependente de tudo, ela estava lá. Você ainda não podia se expressar de uma forma inteligível, mas ela estava lá, te alimentando, te limpando e entendendo quase tudo que você precisava.
Amigos? Não mais.
As noites sem dormir, não eram em restaurantes e festas... eram na cabeceira da tua cama. Cinemas, teatros tinha um único script, você.
E quando você finalmente andou, falou... uma explosão de felicidade e angustia tomaram conta do coração dela.
Então veio o momento de você se afastar dela, e ela foi firme .... e às tarefas dela agora se somaram outra, te acompanhar nos caminhos do saber e do conhecimento.
Aí você conheceu gente nova e até levou em casa e ela, sorridente, fez lanchinhos, fez docinhos, deu o melhor e si.
Já maior, as caras feias, o “que saco”, me deixa quieta, e toda sorte de ofensas que eram “legais”, como seus amigos achavam e te apoiavam, ela suportou calada e com um sorriso no rosto, um sorriso triste e que você sequer percebeu.
Os primeiros namoricos, o namoro sério e a decepções amorosas, foi lá no ombro dela que você achou apoio. E quando finalmente você já estava pronta, alguém te levou para longe dela, e ela... ela estava lá te apoiando, te orientando, te desejando toda a felicidade do mundo.
Ah... que maravilha, agora você também tem um bebe... e quem te ensinou a cuidar, foi justamente ela, que além de tudo, quando você quis passear, viajar, sair com amigos ela estava lá com um sorriso enorme, cuidando daquele que é de sua responsabilidade cuidar.
Mas o tempo foi passando, e ela já carcomida por este tempo e com o corpo cansado e com a cabeça mais fraca, já não enxergando direito, caminhando com passos trôpegos, vivendo de lembranças, já sem quase todos os amigos e irmãos e primos, nesse momento ela se torna não a supermulher que deveria ser, na verdade ela se transformou no “super” fardo a ser carregado.
E como carregar este fardo... bem mais fácil tranca-la em uma casa de repouso, que na verdade não passa de um asilo para idosos, que você vai chorar ao deixa-la e tão logo se desfaça da sua retina o aceno de tchau, suas lágrimas secarão.
Assim entre visitas de Natal, dia das mães e vez ou outra, quando não tiver outra coisa a fazer, chega o dia em que aquele quarto vai se desocupar e com os boletos do asilo você já não precisará se preocupar.
Depois de uma noite em claro ou mal dormida, você volta para casa e diz aos parentes... fiz tudo que podia por ela.
E vai se deitar e descansar e relaxar... a vida segue. Mas você se deixou enganar, não foi você quem fez o que pôde, foi o seu dinheiro, ou quem sabe o dinheiro dela...
Descanse agora, amanhã será um outro dia....
Cavaleiro Marginal