Não vou lutar para te esquecer

Não vou lutar para te esquecer. Essa seria a opção covarde. Seria mentir para mim mesma ao tentar destruir tudo que foi bom e chamar de mau. Esquecer seria difícil, mas ainda seria o caminho mais fácil. Mais fácil do que tentar entender que o que aconteceu precisou chegar ao fim. Mais fácil do que aceitar a incompatibilidade. Mais fácil do que ainda te considerar como amigo. Seria mais fácil fingir que você nunca existiu do que torcer por seu sucesso e que você esteja bem.

Mas não faço questão do caminho mais fácil. Quero carregar comigo as lições que aprendi com o que vivemos. Não quero me arrepender das experiências, e sim entender que tiveram seu próprio tempo. Não quero me culpar pelo sorriso nostálgico ao recordar momentos agradáveis. Não quero me torturar ao concluir que precisei fazer as escolhas que fiz. Quando eu olhar para trás e lembrar de você, quero sentir paz.

Eu não preciso fingir que seu nome nunca tocou as páginas da história que estou escrevendo e arrancá-las como se sequer houvessem existido. Eu aceito meus capítulos imperfeitos e me orgulho da jornada repleta de descobertas. Eu sigo em frente, sem precisar apagar o passado. Pelo contrário, eu valorizo as lições que ele me ensinou e continuo sorrindo ao pensar nos bons momentos que vivi. Se precisar, também não me importo de derramar uma lágrima ou outra ao recordar aquilo que não foi tão bom. Não há vergonha alguma nisso. Minhas dores me tornaram mais forte.

Eu prefiro esse caminho difícil do que viver uma vida em que fingimos que o passado não afeta o futuro. Não acredito em capítulos descartáveis e sei que eles deixam suas marcas na história. Não, não somos meros reféns do passado, mas é preciso agir com responsabilidade. O futuro tem seu próprio preço.

Nossas memórias ainda me assustam um pouco, mas sigo aprendendo. E sei que só aprendo se sou capaz de encará-las. Uma a uma, vou dominando as lembranças, até que já não me assustem mais. Até que eu seja perfeitamente capaz de conviver com cada uma delas e aceitá-las. É natural que, com o tempo, elas se tornem um pouco menos vivas. Mas eu não vou lutar contra elas. Eu não preciso e não vou lutar para te esquecer.

Dancker
Enviado por Dancker em 29/12/2020
Código do texto: T7146547
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