Despedidas - Meet me in Montauk
Eu não sei explicar o que foram teus olhos me fitando naquela última quarta-feira do ano e o que eles que me causaram. Aquele par de olhos - que outrora tanto me acalmava só de olhar - foi objeto de inveja a toda e qualquer boa ressaca que o mar porventura já tenha enfrentado. E não há uma única Capitolina sequer - no mundo ou na história - que tenha a presunção de tentar provar o contrário.
Dizem que os olhos falam mais do que a boca e disso eu já não posso discordar. Deve ser alguma coisa relacionada com os movimentos rápidos da pupila - que aumentam e diminuem a depender das sensações ou do jogo de luzes ao alcançar as retinas - quando nossos olhos se cruzam; qualquer coisa relacionada com a fisico-química e a anatomia humanas, mas certamente tem tudo a ver com a nossa idade avançada e o peso social de - mesmo contrariados e arrependidos - convivermos com as consequências árduas de nossas escolhas.
Da tua boca, eu nunca ouvi um único pedido de desculpas. Ou um único suspiro de arrependimento. Da tua boca, eu nunca ouvi nada sobre um último adeus, como prova de despedida. Mas tudo isso, me contaram seus olhos. Confusos, eu sei. Adolescentes demais para uma pessoa tão... Crescida, talvez. É... Você cresceu, meu bem. E eu também.
E o acaso, alimentando reencontros, trouxe, pois, a oportunidade perfeita para fazer valer aquele último - e único - brilho eterno em nossas mentes já tão sem lembranças. No melhor estilo Clementine, você me pediu pra voltar para sua vida para um último adeus. A despedida do ano, eu acho. Foi o que você me disse. E, vá lá, nós não tivemos o adeus so let's pretend we had one... We are making up a goodbye at least. But please, just listen to me ‘cause I’m begging you: meet me in Montauk. É nossa única chance de sobrevivermos.