Toque(s)

Olhei para os lados e não senti ninguém.

Estou sozinho, em todos os planos.

Isso conforta e atormenta.

O sol desponta lá fora. A vontade de um novo dia é aquecido por ele. O que o novo me reserva por hoje?

Aqui dentro pulsa um desejo por autoconhecer-me, por entender as complexidades que me alicerçam, por reconhecer minhas potencialidades e tomar posse delas, por perceber minhas vulnerabilidades, por identificar minhas mediocridades.

O galo cantou e cada vez mais o quarto tem ficado claro. A escuridão é consumida, aos poucos, pela luz. É um processo lento, vagaroso, num ritmo próprio.

Tenho que procurar meu ritmo, meu tempo.

Espero que isso não seja controle, pois estou vulnerável ao ritmo do tempo, que nem sempre é coordenado por mim.

É manhã e, apesar de todos esses pensamentos, sinto paz. Estou respirando em estado de leveza, minha mente repousa, as pontas dos meus dedos dos pés sentem o frio que entra pela janela, meu corpo nu sente o toque do vento que ocupa o espaço, sente a textura do tecido que está abaixo da minha superfície. Estou sensações.