Eu me tornei mar
As palavras importam. Elas não só enganam, não só machucam. Elas podem edificar.
Por palavras hoje senti a maior/melhor/mais impactante construção de sentido sobre o que é estar junto, ser companheiro.
"Você não está largado no meio do oceano, sozinho. Eu estou com você, de mãos dadas, caminhando na praia, entrando juntos no mar. Eu estou com você e faremos juntos".
Foi mais ou menos assim, mas o que importa é a construção de sentidos, sabes?
Foi excitante, no sentido existencial. Foi materializado, através de palavras, numa metáfora, o sentido de zelo, companheirismo e cumplicidade.
E, eu estou processando. Estou deixando isso penetrar em meus sentidos aos poucos, como um viciado na consciência da sua última droga, que tenta loucamente sentir todas as sensações que o objeto do seu prazer (e da sua desgraça) lhe causa.
Eu sai do oceano. Estou localizado agora de frente ao mar. Ele está calmo, eu sinto o vai vem das ondas, o balanço dos ventos e você está aqui, ao lado. Eu não estou sozinho. Eu não estou me afogando. Eu estou renascendo.
Eu me tornei o mar, as águas, os ventos, as ondas. Não estou lutando contra elas. Eu faço parte delas.