Dançando com a ilusão.
Vivi dez meses no mato pra descobrir que eu estava fugindo de mim. Nessa brincadeira chamada vida, revisitei o passado na tentativa de justificar o presente, mas, o anseio sobre o futuro me fazia subserviente ao mundo e seus ideais. Cativo, sucumbi, entreguei-me sem ter a compreensão de que o que a vida nunca quis de mim aquilo que eu nunca poderia dar. Se de algum modo eu espalhava a alegria, de outro eu precisava me libertar de tudo que me magoava.
Ah! Quanto tempo eu perdi dando ouvidos para máscaras pomposas e posturas de julgamento falho que no alto de sua arrogância e desespero tentaram me desviar. Se eu soubesse que a ilusão disfarçava-se, teria gozado dela de todos os modos. Mas e agora? Para onde ir se eu rasguei todos os mapas? A melhor direção é aquela que nos permite continuar caminhando. E assim, sem GPS, sem guias, sem rotas chutar as pedras do caminho, pular os muros, romper as fronteiras e aproveitar a estrada com a cigania digna dos que existem.
Não identificar-me com o externo e apenas ser quem eu sou, despido e de pés no chão, elevou-me a um novo patamar.
O Patamar da incessante busca, a busca pelo mundo incompreendida, incapaz de ser expressa em palavras e subjugada feito loucura. Saí do armário, entrei na busca. Foda-se! Ninguém me diz o que fazer. Não mais troco a minha experiência e caminho pelas palavras técnicas belamente reproduzidas ou opiniões baseadas pela sobra de correntes! Neste mundo de livre concorrência, sai ganhando quem conseguir manter o jogo de cintura e a noção de que a ignorância da mente é uma constante. Estou aprendendo o tempo todo e como um aprendiz, da existência que sou, não quero levar nada, no máximo deixar. Então, peço sempre que eu consiga deixar coisas boas, ou no mínimo razoáveis, sem por isso perder ou negar o que sou.
E que nesse caminhar, onde já não me escondo, sigo pedindo a Espiritualidade que eu tenha sempre em mim as forças e armas pra lutar pelo que eu preciso e humildade para reconhecer e receber o que eu mereço.