O poema mais triste do ano
Vez ou outra, quando fecho meus olhos, lembro de nós ouvindo Luiz enquanto olhávamos, da cama, as estrelas que rasgavam os céus.
Você me disse que aquela seria a música mais triste do ano e eu não conseguia discordar.
- Que nunca seja nossa, né? - Você me disse.
- Nunca será. - Eu repliquei.
No final de semana passado, eu ouvi um poema que falava sobre carnaval. Do quanto as pessoas eram alegres e de como a mistura incerta das cores trazia um ar de felicidade aos primeiros meses do ano. Eu não entendi. Fechei os olhos e no mesmo segundo, viajei à primeira coisa que me veio: uma fotografia mental sua que eu ainda tinha comigo. E eu percebi que aquele é o poema mais triste do ano.
Aonde fomos parar? Olha cá, benzinho, me diz uma coisa: se a gente se amou como você dizia e como eu sei que eu sentia, aonde nós fomos parar? Como fizemos do passado nossa moradia? Você vê como é contraditório tudo isso agora? Vê como tudo isso não se encaixa?
Antes de te conhecer, eu gritava ao mundo que já havia conhecido muito de Amor, mas de Paixão... De Paixão, eu não sabia nada, meu bem. E tinha tanta coisa pra ser respondida ainda. E tantas respostas me foram dadas sem que eu tivesse perguntado algo. Que pena, meu bem.
Sabe, pra ser sincero, das bocas que tens beijado, com isso já não me importo. Das promessas que tu tens feito aos pés do ouvido do outro alguém, eu também não quero e sequer preciso saber... Mas eu queria tanto saber um pouco mais de você. Vá lá, me diz: qual é a tua marca preferida de café? Fraco ou forte? Com açúcar ou adoçante? E a tua cor favorita, qual é? Que música te embala? Em que gingado tu danças? Qual sua comida preferida? A Noite Estrelada de Van Gogh ou A Lagoa de Lírios D'agua de Monet? Prefere os gatos ou os cachorros? Um vinho tinto ou vinho branco? Girassol ou begônia? O que você canta? E o que te encanta? De qual prato você come? De qual roupa você veste? Em qual dia você partiu?