VAIDADE ESPIRITUAL

Um tanto instigante é a expressão utilizada para caracterizar a atitude daqueles que se julgam os mais íntimos de Deus. A "vaidade espiritual", parece aturdir certo número de cristãos que, desprovidos da capacidade de se reconhecerem necessitados de misericórdia, se vangloriam de viver, constantemente, certa espécie de apoteose.

Ora, é interessante observar que na sua origem do latim, vaidade está relacionada, justamente, à vacuidade, ou seja, ao vazio absoluto. Curioso, não!?

Logo, não é difícil perceber quão justa cai a expressão sobre aqueles que, esvaziados do sagrado, encheram-se de si mesmos, pois a vida espiritual destes não passa de um mero tatear egoísta e é certo que cegos que guiam outros cegos, em geral, caem todos no mesmo abismo.

É conveniente perceber que o que agrada a Deus é o reconhecimento sincero de nossa miséria e a esperança cega que depositamos em sua infinita misericórdia. Ademais, a intimidade com aquele que é, precisa ser cultivada cotidianamente nos detalhes; no olhar, no ouvido que acolhe a partilha, no partir do pão, no silêncio que acolhe o abraço, no perdão que alivia a alma. Aqui encontramos o mais absurdo dos milagres: o amor de um Deus Grande e Absoluto, mas que se faz em detalhes.

Por outro lado, o vaidoso se encontra desprovido da capacidade de encontrar Deus nos detalhes, porque tudo o que realiza julga ser grandioso: está sempre repleto de alardes vazios. A vaidade espiritual é a pior de todas as vaidades!