Segunda - Feira

Era uma segunda-feira, de Março.

Daquelas que eu sempre detesto que existam.

E de repente, estava ali, sentada naquela roda de poucas pessoas.

E aquela pessoa.

Desconhecida,

Que de primeira tu nem sabe quem é.

E do nada, estava ali,

Sentada, exposta,

Olhando incontrolavelmente naqueles olhos.

Olhos que me intimaram,

Suas palavras também.

Suas mãos me tocaram de uma maneira que eu tive a plena certeza.

Que todas as minhas certezas já não existiam mais.

Naquela noite, sentados naquela praça vazia.

Eu nunca estive tão despida de todas as minhas convicções.

Aquela pessoa que não sabia o nome.

Sabia apenas, um número.

Número impar, ele par.

Eu ímpar, como a vida, como todas as coisas que não vieram para ser par ou serem certezas matemáticas.

Mas são.

Ele era!

Díspare.

Foi aí que me marcou, marcou minha passagem, e rompeu minhas exatidões.

Nunca tive tanta incerteza em uma certeza só.

Era dele, naquele minuto.

Naquela mesma noite, me pediu para ser dele naquela semana, justo eu que nunca sou de ninguém.

O que importava para mim não era mais o tempo, afinal existem coisas temporárias que são infinitamente permanentes.

Que ficam, iguais aquelas mãos.

Marcadas como uma tatuagem, ficaram na minha pele por mais de uma semana.

Despiu minhas convicções, como quem impõe sua imperatividade,

Igual seu dever.

Essa pessoa que passa, para me provar que eu realmente não sei nada sobre números, marcas e nem certezas.

Principalmente para me ensinar a deixar de subestimar as Segundas-feiras.

2020.03.03

Tinna Mara de Camargo
Enviado por Tinna Mara de Camargo em 05/08/2020
Reeditado em 09/08/2020
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