[Escritores, Pensadores & Discos Voadores] - "Ah, Humano que Passa, Passa, Passará"
O ser humano passa a vida toda discutindo 3 assuntos sem solução: “Sexo”, “Como viver a Vida”, e “Como adiar a Morte”.
O sexo é finito, não tanto (mas também um bocado de “tanto”) por questões biológicas, mas também por um desinteresse que tende a aumentar com a chegada da tenra idade. A sexualidade se degrada e se derrete junto com o corpo e com a proximidade da velha e boa “Morte”. Como se a mesma pusesse o sexo num plano coadjuvante dentre muitas questões internas não resolvidas ou mal resolvidas. Pondo sabedoria e experiência em evidência frente a necessidade de dispor (ou impor) um LEGADO.
Pensamos o tempo inteiro na Vida e em como ela funciona melhor, como ela deve ser vivida e nas tantas formas de fazê-la durar mais e mais e mais… E esta obsessão nos leva a almejar tudo o mais rápido possível e na maior quantidade que pudermos acumular. Tentamos estabelecer um “controle”, mas a vida simplesmente pode acabar exatamente agora, durante a leitura deste parágrafo, ou amanhã, ou depois de amanhã… Não importa o que você esteja fazendo, não há controle, não há planejamento. O planejamento de durabilidade da vida “útil” é uma ilusão humana. É como você se mantém em pé, enquanto você AINDA PODE estar em pé, que você pode controlar.
Não existe conceito e nem sentido para mantermos esta obsessão e idolatria à vida, se não pensássemos TANTO… Na Morte.
O sentimento de mortalidade é o que nos move. E o que nos impede de sermos AINDA MAIS atrozes do que já somos. É o que nos faz correr atrás de conquistas, como ratinhos de laboratório tentando alcançar o pedaço de queijo – que está amarrado numa varinha em suas próprias costas, atrás de seus pescocinhos. Ele não para, não pensa, ele corre sem parar e correrá até morrer… Somos nós e nossas… “METAS”.
Quem acredita num universo vivo pós-universo vivido (o mundo espiritual, o paraíso, o inferno, dentre muitos outros…) nem por isso consegue sofrer e se consolar menos que agnósticos e ateus. No fundo, no fundo… o que queremos é adiar a morte. O que queremos é um tempo necessário para que a gente possa acumular um “pouco” mais. “Coisas”, “amores”… “pessoas”, “aprendizados”, “viagens”, “experiências”, “congratulações por aquilo que fizemos”… e portanto – e mais uma vez - … LEGADO.
E o mais irônico e “engraçado” é que se você parar pra pensar: qualquer homenagem feita… qualquer busto com sua face, qualquer banco de praça com seu nome… qualquer medalha e troféu… nada disso dará sentido algum aos sofrimentos que você JÁ PASSOU…, ainda em vida! Seja como ateu ou crente, devedor ou credor… importante, requisitado ou errante… Nada impedirá esse futuro no qual serás um cadáver sem sexo, sem vida, sem morte, sem nada… nem mesmo os vermes e plantas lembrarão de ser gratos e brincantes às custas dos seus restantes.