Somos todos Um

Tudo se transforma, mas nem tudo sai do lugar.

As árvores não saem do lugar, mas criam raízes. As folhas e os frutos caem no chão.

Ela já não é mais a mesma. Jamais será. Mas não sai do lugar.

Ela continua lá, como se estivesse petrificada. A ventania forte vem, puxando violentamente suas raízes, até que a derrube, mas ela não sairá do lugar. Ela cai, mas é ali que ela jazerá.

Ela é como muitos e muitas.

Quando você atira uma pedra na água, a superfície da água se agita por alguns momentos até que volte ao seu estado original. A água não será mais a mesma, algo aconteceu que a transformou para sempre. A pedra afundou. Mas após a agitação, vem a calmaria.

As ondas quebram no mar até que alcancem a terra, mas não conseguem sair dali e retornam ao oceano. Elas quebram com toda a sua fúria contra os rochedos, mas em tempo elas irão se acalmar.

O pássaro abre suas asas para alçar voo, mas eventualmente ele retorna ao mesmo lugar de onde partiu.

As nuvens, enegrecidas, se formam no céu, trazendo uma tempestade. Mas passada toda a tribulação dos relâmpagos, trovões e chuva torrencial, em algum momento, elas trarão uma nova tempestade.

As estrelas nascem, vivem e depois morrem. Elas implodem causando uma supernova, que formará novas estrelas e novos astros e corpos celestes.

Sim, tudo se transforma... mas nem tudo sai do lugar.

E ainda que estejam sob a impressão de que se movam a grandes distâncias, atravessem o horizonte, alcancem os céus e o topo das montanhas, o leito arenoso das águas mais profundas ou viajem a anos-luz; tudo retorna ao seu ponto de origem.

Cada ser vivo ou coisa inanimada, embora compartilhem semelhanças, são únicos, tendo cada um suas próprias peculiaridades e particularidades. Mas somos todos Um. Tudo é Um com o Todo. No grande esquema das coisas, tudo é, tudo está, tudo existe em união.

O que é preciso que se entenda é que embora mudanças possam acontecer, o que é para ser, será. Nada, nem ninguém, pode mudar o curso natural das coisas.

E o ciclo se repete e continua.

Cesar de Andrade
Enviado por Cesar de Andrade em 14/07/2020
Reeditado em 10/08/2020
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