Minha querida flor

Antes, em minha vida, era tudo paz e tranquilidade. Possuía a solidez de um robô: faculdade, trabalho, paz e tranquilidade que o quarto poderia prover. Nunca fui muito de sair, de ir a baladas, noitadas. Claro que ocasionalmente fui, mas sempre sentindo-me no controle das emoções. Uma vida impassível, sem surpresas.

Quando a conheci, e a chamaremos aqui de Lírio, minha vida mudou de uma maneira radical. Aquela personalidade que tinha por característica a robustez emocional, a frieza de cálculo e a avaliação de riscos começou a ruir. Foi como uma flor que rompia o concreto, a força descomunal da Mãe Natureza provando que a criação humana sempre perece perante o puro, o natural.

Augusto dos Anjos já disse: A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se algo é capaz de trazer bem a ti, cuidado! A paixão é o fenômeno do volante do carro sair na mão do condutor: este não está mais a mercê do destino, é apenas um espectador. Ela pode igualmente trazer gozo, felicidade, contentamento assim como pode trazer ciúmes, inseguranças e dúvidas.

Desde que conheci Lírio, há alguns meses, precisei passar por repetidos processos de amadurecimento. Quando olho pra trás, me surpreendo. Sei que nunca mais voltarei a ser aquele garoto de 23 anos. Alguns dizem que a rejeição torna as pessoas frias. Alguns dizem que a rejeição torna as pessoas cruéis. A rejeição, entretanto, me transformou.

Meus sentimentos eram nus, não requintados. Eram sentimentos bobos, infantis. Desejos de um veraneio desocupado. Talvez nem gostasse realmente de ti. Provavelmente era um encanto passageiro. Mas o dia a dia em sua companhia fez com que nossa relação começasse a se construir, até que inevitavelmente contemplei algo inusitado em meu peito. Havia algo real ali.

Esse amadurecimento foi doloroso que só. Nunca soube e até hoje nunca sei o que você sente, pensa, quer. Meu coração arde tanto por mais certezas, mais explicações, mas sei que não é do seu feitio… Amar-te é uma tarefa que demanda 100% do meu ser. A pergunta que mais se passa em minha mente é “O que sou pra ela?” e claramente seguida de “Será que sou especial?”.

Hoje toda essa complexidade de sensações e sentimentos encontra-se em uma fase madura. Consigo ver através das ilusões que a insegurança e o medo de te perder jogam sobre meus olhos. Quer fazer isso? Faça. Precisa daquilo? Tá joia. Não quer me dar carinho? Tudo bem. A vida é sua. Somente você pode escolher o que quer que fique do seu lado. Atingir esse nível de equilíbrio é bem difícil, talvez seja a primeira vez que consigo.

Lírio, Lírio, Lírio… O que queres de mim? Será que enquanto você é a flor da cabeceira da minha cama eu sou uma flor do seu jardim? Estou há muito sem navegação, perdido em sua essência. Guiaria o caminho pra mim?

Lonely Lion
Enviado por Lonely Lion em 08/07/2020
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