Quando meu professor errou "feio"
Meu professor disse que não é função dele ensinar os que ainda não acompanharam o contexto e que persistem na ignorância. Segundo ele, esse deveria ter sido o papel da escola, desde o início. Bom, ao mesmo tempo em que fez essa alegação, compartilhou uma situação de preconceito linguístico, na qual ele foi o agressor. Detalhou sobre quando seu alvo foi uma senhora nordestina, precipitando-se ao considerá-la como empregada doméstica, sem qualquer conhecimento ou sabedoria acerca da vida da mulher. Na verdade, ela era dona de estabelecimentos renomados. Esse fato, de forma alguma, fazia dela um ser melhor ou pior, pela simples ocupação que exercia. Ao contrário, o que fez dela um verdadeiro ponto de luz, foi seu papel na luta contra a injustiça, quando, no momento do ocorrido, apontou, imediatamente, o erro de meu professor , tomando as providências necessárias. Ele refletiu. Ele mudou.Ele evoluiu.
O que não entendo é: se ele conseguiu desintegrar sua própria ignorância,o que torna ele tão diferente a ponto de declarar não ser dever dele ensinar aqueles que persistem na intolerância?! Claramente, aquele que agride, verbalmente ou fisicamente, não mudará subitamente sem que seja de sua vontade. Mas também não irá refletir sobre sua conduta se alguèm não apontá-la como errada. A questão não é sobre “ele já deveria saber o que é certo ou errado”. Eles sabem, mas até que não sejam diretamente alertados frente suas ações, não mudarão. Logo, se queremos realmente que a justiça se sobressaia como o maior feito da humanidade, é nosso papel lutar por ela.
Determinar que indivíduos são incapazes de desconstruir seus pensamentos retrógrados, só mostra o quão pessimista o “suposto justiceiro” é. Só mostra que meu professor, por exemplo, fica cego diante do que realmente efetivou sua melhora como cidadão. Qual seu plano, professor? Como você mudou, professor? Justiça sem otimismo e atitude não passa de um desejo sem motor.