Pesadelo- Livro - Prólogo
Prólogo
Dentre todas as mortes que eu imaginei serem as piores do mundo, ser morta por um assassino serial estava no topo da lista, não porque de fato fosse o pior dos jeitos de se dizer a adeus a esse mundo ou nem mesmo pq eu amava a minha vida e sim pq eu não imaginava, nem mesmo suportava partir como uma vítima.
É, é mesmo um problema quando você se coloca no centro dos problemas de outro alguém, quer dizer, de repente vc começa a se perguntar, foi algo que eu fiz? algo que eu disse ? e se eu não sorrisse naquele dia e tivesse ficado em casa?
Débora Maia tinha uma infinidade de perucas, mas Boby Anti gostava de loiras. Naquela manhã, ele a observou por horas pela janela do apartamento da frente, imaginando quando ela ficaria sozinha, quando seria o melhor momento, mas naquele dia, infelizmente, ela não usou a peruca da terça feira, a peruca loira. Será que foi sorte? Ou será que foi destino? Impedindo que ela fosse a vítima número 3 de um assassino cruel e organizado? Nunca saberemos. Nunca saberemos se ele não a matou por causa da cor da peruca ou pq gostou do jeito que ela cozinhava, de algum modo aquilo lembrava-o de sua mãe ou será que foi o câncer? Naquele estágio tão avançado tirar-lhe a vida seria apenas adiantar o inevitável, talvez aquilo lhe assustasse mais do que podia revelar, a morte. Algo tão intenso e misterioso, um buraco negro em meio a dimensões terrestres, que nos puxa, nos suga para algum lugar de repente, sem aviso, sem bater.
James Assur matou pela primeira vez no dia 11 de julho de 2001. Ela era só uma garotinha, quando sonhou com ele pela priemira vez, os seus pais acordaram em meio aos gritos desesperados do que pensavam ser só mais uma noite que havia terminado em pesadelo infantil, eles vieram nas noites que se seguiram também, tantas e tantas noites e a desculpa era sempre a mesma:
" Alice, você tem muita imaginação."
Para eles era inconcebível sequer imaginar que a garotinha deles não estava bem. Quase todas as noites eles iam até lá, tentando explicar a ela que monstros em baixo da cama não eram reais, que ela não precisava ter medo, mas não era com o monstro em baixo da cama que ela temia encontrar e sim com o monstro dentro de sua própria mente, escondido sob seus sonhos, aquele cujo qual as vezes, parecia fazer parte dela, do qual ela não conseguia escapar não importa o quanto teimasse em se esgueirar na escuridão e atravessar o corredor, abrindo a porta lentamente e descansar ao lado de sua mãe no canto direto da cama. Ainda assim, protegida sob os braços da pessoa mais amorosa do mundo que ela conhecia, envolta por um abraço terno e quente, ela não conseguia se esquecer do que havia do lado de fora, habitando a escuridão.