Por que sou budista secular

I. A filosofia budista encoraja o pensamento livre e a primazia da experiência como critério de validade para aceitar verdades proclamadas e rejeita o apelo à autoridade das escrituras sagradas (mesmo as escrituras budistas, vide Kalama Sutta), que podem produzir fanatismo, dogmatismo e intolerância.

II. Não temos evidências científicas substanciais para apoiar as crenças budistas tradicionais em reencarnação ou qualquer outra alegação sobrenatural. Segundo o discurso canônico do Buda, no Kalama Sutta, não precisamos aceitar tais crenças infundadas.

III. Cientistas cognitivos descobriram que 95% de nossas decisões, emoções, ações e comportamentos são governados pelo subconsciente. Asserções repetidas ou recitações de mantras são uma técnica psicológica budista eficaz para a transformação de maus hábitos enraizados no subconsciente, estimulando positivamente nosso desenvolvimento pessoal.

IV. A meditação budista tradicional já possui corolário científico convincente. Meditar diminui o estresse, controla a ansiedade, fortalece o sistema imunológico, aumenta a densidade de massa cinzenta no hipocampo, altera positivamente o DNA, promove a saúde emocional, melhora a autoconsciência, aumenta a capacidade de concentração, reduz a perda de memória relacionada à idade, melhora dores crônicas, controla a pressão arterial, diminui a freqüência cardíaca e melhora a qualidade do sono. Além disso, a meditação de atenção plena pode ser combinada com atividades físicas, como caminhar ou correr, para fortalecer ainda mais a saúde física e mental.

V. Estudos científicos sugerem que o otimismo está associado à longevidade, e que pessimismo excessivo, pensamentos negativos, podem causar sérias doenças através do chamado “efeito nocebo”.

A habilidade adquirida pela prática da atenção plena pode ser usada como antídoto contra o condicionamento de padrões negativos de pensamento, crenças, reações emocionais e comportamentos.

VI. A ênfase budista em realizar ações éticas meritórias, i.e., ações apropriadas ao bem comum, é um dos pilares da filosofia budista, e tal pilar pode ser muito bem realizado sem apelar para as implicações metafísicas, como a interseção metafísica tradicional entre karma e renascimento, que extrapola os limites do nosso conhecimento científico atual.

VII. A secular ciência moderna é baseada na cartesiana teoria epistemológica da dicotomia sujeito-objeto. Dicotomia tal que causa uma sensação psicossocial negativa de isolamento individual, bem como um “deserto espiritual”, que em Filosofia e Sociologia é conhecido como “desencantamento do mundo”. Tal problema pode ser superado pela teoria epistemológica budista da não-dualidade: uma perspectiva de interconectividade sujeito-objeto.

Aislan Bezerra
Enviado por Aislan Bezerra em 17/04/2020
Reeditado em 31/01/2021
Código do texto: T6919831
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