Do latim: Tempus
Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem?
- Confúcio
(...)
Eu, desde o meu tempo de criança, amava sentir de repente, quando a chuva começa a cair como se fosse por um conta-gotas. Uma a uma. Um prenúncio, digamos, de quando todas começarem a cair de uma só vez. Trazendo a tona toda essa composição que é a natureza, despertando cada um dos nossos sentidos.
Acredito que você imaginou isso. É incrível!
Talvez tenha até chegado a ouvir elas caindo no chão. Ou tocando a sua pele. Enquanto sentia o cheiro correspondente ao cenário.
Sabe? Eu estive doente, e na verdade ainda estou no processo de tratamento para a minha recuperação. Vai levar tempo, sem dúvidas, mas preciso lutar para saber como é possuir novamente toda a sensibilidade que exprimi anteriormente.
Perece loucura. Mas tudo faz tanto sentido. Citei o Confúcio, quando se refere em suas palavras a nada mais que o tempo. O termo: "idade" está relacionado ao período cronológico, dos anos, desde o nascimento até uma determinada data. Claro, que medidas por um calendário. Eu poderia trazer algo bem mais analítico para o texto, sobre a reflexão, de um modo teórico, mas a minha intenção é fazer com que seja palpável tudo que estou escrevendo... Prático e por que não, prazeroso?!
Eu sempre gostei de dar forma a tudo. Algo para além da pareidolia. Dou voz, características detalhadas, personalidade e até emprego com eficiência e carteira assinada, para coisas, que dariam graça se eu as descrevesse aqui. Sem dúvidas seria previamente diagnosticada como uma louca.
É muito bom ir além nas minhas imaginações. Isso é algo que nunca vou abrir mão.
Sobre as coisas abstratas, eu passo muito mais tempo tentando dar uma forma de acordo com tudo aquilo que eu vivo. Como o tempo é a matéria prima para esta minha escrita, vou tentar mostrar como eu tenho o visto ultimamente...
O tempo é tudo e está em tudo, não tem como fugir dele, nem adiantar, nem "rebobinar". O tempo pode ser nas minhas mãos o barro a ser moldado, e como oleira deste tempo, eu que vou dar sentido e forma para ele. Se me dedicar, com certeza terei algo belo quando acabar e se não me dedicar, além de ter sido contraproducente, ao final posso até ter algo, mas talvez não me orgulhe tanto de colocar para "secar na janela".
Também posso enxergar o tempo, como um menino brincando, andando cuidadosamente na ponta dos pés, descalço. Ousado, entretanto, receoso em ser visto, e o menino vai passando de um lado para o outro, porta a porta, de um cômodo para outro, despreocupado e ironicamente levando a sério a sua brincadeira, exercendo um ofício. Este menino jamais envelhece, mas nós vamos envelhecendo, pouco a pouco enquanto o menino passa.
E o que temos feito com esse tempo?
A idade está correspondendo com tudo aquilo que era necessário para provocar uma evolução? Maturidade... O tempo de cada experiência é maravilhoso e grandioso, basta procurarmos escolher bem de qual ângulo vamos querer ver.
É necessário viver, e reconhecer que fomos presenteados, todos os dias com o tempo. Buscar dar um sentido a nossa existência, durante este período de passagem que estamos nesta terra, fazer sempre o melhor e o bem. E não nos envergonhar daquilo que vamos deixar para secar na janela da vida.
As vezes perdemos bastante tempo com coisas que não valem ele, perdemos até a nossa saúde... E as células começam a envelhecer.
O tempo para mim não é uma ilusão, como Einstein e outros físicos concordavam.
O tempo é um presente, que devemos observar bem antes de presentear.
O tempo é o presente, é o passado e também o futuro.
O tempo para mim é absolutamente tudo.
E antes de saber ou não quantos anos eu tenho (se eu não soubesse), seria o suficiente e preferivel ter vivido tão intensamente como se cada dia fossem anos, como gota a gota da chuva, algo tão singelo, mas significativo me tornando profundamente profunda.