Em Tempos de Confinamento XV - E por falar em pensamentos
E por falar em pensamento, já que temos oportunidade de poder refletir, vamos ao seu sentido poético, coisa que aqui se entende muito bem.
Não é do meu feitio explicar aquilo que me foi dado escrever, porque diferentes pessoas interpretam de diferentes maneiras e esta multiplicidade de significados é de uma riqueza que não nos cabe tolher, ao contrário, é o maior prêmio.
Mas, dessa vez, eu preciso de uma explicação para mim mesmo. O meu próprio entendimento precisa ser verbalizado, de novo, para mim mesmo. Talvez seja coisa de confinamento.
É o sair da inspiração para a transpiração. Ou como quando você idealiza uma prateleira nova para a sua casa e parte você mesmo para a realização, seja por economia, por ver a sua ideia instalada fisicamente da sua maneira ou simplesmente prover a sua própria transpiração à sua inspiração. Há um outro valor nisso.
Ao se falar dos pássaros está-se ponderando sobre a nossa conexão com a natureza, do sentir como estivemos vivendo essa relação e se há alguma transformação nela, por menor que seja.
Ao se falar do morcego está-se compreendendo o direito natural de cada ser vivo nesta mesma natureza e que não lhes concerne, na verdade, essa coisa da minha banana, a minha cozinha como também, para todos eles, as fronteiras inventadas pelo ser humano.
Ao se falar dos cães e seu ladrido está-se representando uma medida metafísica da sua própria calma em relação ao ambiente e como as coisas que incomodavam mais estão ainda te perturbando, ou estão menos.
Não há nada que se contraponha à existência ou não do vírus, que não se roga ao nosso pensamento, assim como, também não, à sua cor preferida ou se você gosta ou não de usar sapatos sem meia. Apenas uma mensagem positiva. Uma maneira de se ver a vida.
A vivência do momento presente está a se dar e se dará inexoravelmente. Quem não precisa de estímulos para abstrair, melhor. Apenas se diga que a depressão ou a menor incomodação não vai mudar nada em nada do lado de fora. Do lado de dentro o olhar pela janela da alma faz toda a diferença.
Uma última reflexão me diz que eu gostaria de viver num país com mais interesse pelas desigualdades sociais (não vou dizer socialista para não ideologizar a questão) para ver a população “realmente” assistida. Todos, todos.
Não é à toa que países capitalistas estão estatizando a saúde e outros serviços porque a iniciativa privada e eficiente correu da raia, e que mesmo a meca do capitalismo está aumentando de tamanho o “Estado Mínimo”, porque o mercado que resolve tudo está com virose e a clamar por tratamento estatal.