Dos "Fique Em Casa".
Um brasileiro, do povo, anônimo, homem acossado pelas mais desumanas agruras, disse (em outras palavras, e melhor do que eu digo aqui) o óbvio, que os doutores, os mestres, os presunçosos e soberbos ostentadores de títulos e diplomas universitários, os bonitões do "Fiquem Em Casa" não entendem: devido à quarentena os pobres, sem dinheiro, não podendo comprar comida, morrerão de fome; e os ricos, que têm dinheiro, também morrerão de fome, pois a quarentena, que produzirá uma devastadora crise econômica, causará o desabastecimento de alimentos nos atadistas e varejistas, que, com a queda brutal do consumo, reduzirão as compras, o que os desestimulará a produção de alimentos. E de que adianta ter dinheiro, se não há alimentos para se comprar?
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Uma observação: Os bonitões do Fiquem Em Casa não divulgam os casos, já numerosos, de falta de alimentos em supermercados atacadistas e varejistas. Presumo que, já convencidos de que a política do Fiquem Em Casa é uma sandice, recolhem-se, constrangidos, em si mesmos, não para se conhecerem, o que seria bom, mas para escaparem ao dever de reconsiderarem as suas idéias, ao de reconherem que erraram ao apoiar a quarentena horizontal e que, ao apoiá-la, subscreveram, há uma semana inconscientemente de o fazer, mas agora já cientes - as ações deletérias - deletérias de todas as perspectivas imagináveis - de governadores e prefeitos que assumiram, em defesa de mesquinhos interesses políticos, atitudes de tiranetes. E entendo, também, que os bonitões do Fiquem Em Casa estão se borrando de medo ao verem que a crise econômica também irá afetá-los, prejudicando-os; negam-se, portanto, a ver o que a realidade lhes exibe, pois o que ela lhes exibe não os agrada.