Percepção minha sobre a filosofia do desapego

É notável que vivemos uma era de desapego. Especialmente nas redes sociais cultua-se uma ideia de que não pertencemos senão a nós mesmos e de que ninguém nos faz falta, pois somos plenos sozinhos. Primeiramente, não tenho por que discordar da última ideia: nenhum ser precisa de outro para sua plenitude. A completude é essencialmente de si para si, isto é, diz respeito a sua própria compreensão acerca de si próprio. No entanto, discordo muito daqueles que, mediante essa ideia, justificam comportamentos mais covardes, como, por exemplo, desinteresse. É claro que há, sobretudo com o afloramento das mídias sociais, um joguinho afetivo cada dia mais popular no mundo todo. Esse joguinho diz respeito a fazer-se de difícil, mostrar indisponibilidade, dissimular felicidade sozinho etc etc. Tudo isso para que outrem veja sua independência emocional ou para que corra atrás de você, pois "ser fácil" é ser visto sob os olhos da carência afetiva. Eu pessoalmente acredito que ser desapegado, de certa forma, é extremamente possível, mas coisas como demonstrar interesse, dar atenção, mandar mensagens são pontos mantenedores de quaisquer vínculos e não nos tornam mais ou menos independentes. Nós só temos, no fundo, a nós mesmos, mas isso não nos tolhe de estabelecer vínculos duradouros com outras pessoas.

Céline
Enviado por Céline em 24/01/2020
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