A xícara e o espelho
Com a chegada da noite, a ansiedade também veio se aproximando de mansinho, ela sabia que dentro de algumas horas estariam juntos novamente.
Já no quarto do hotel, enquanto ele não chega, ela olha a cama
o espelho no teto
o frigobar
a mesa
Deixa suas coisas no chão
Toma um banho e coloca sua lingerie preferida: rendada, de cor rosa e um salto
Ensaia um desfile
vai ao banheiro e se olha no espelho
Passa um batom em seus lábios carnudos
Um rímel e lápis nos olhos e adora o resultado do que vê
Volta para o quarto
deita na cama
E enquanto espera, sua mente divaga
ela escreve uma poesia
olha o relógio
assiste um programa
sorri
se toca
geme
goza
Ele chega e a espera acaba
Ela lê o que escreveu pra ele
Ele, encantado, sorri
a toma nos braços
toma posse da sua boca
a despe
a toca
a toma pra si
e assim a noite passa
ela sendo dele e ele sendo dela
ouvem-se gemidos
sentem-se abraços apertados com arranhões nas costas
corpos arquejando
bocas sussurrando
e o êxtase chegando
explodindo nos corpos escravizados pelo desejo
e com a chegada da manhã, cada um sente o cansaço da noite de prazer
chega o café
Ele, depois do banho
se olha no espelho
Ela sentada na beira da banheira, com sua xícara de café nas mãos, o contempla, o admira
Ele, penteia os cabelos
ajeita a barba.
Vira para aquela que tanto prazer lhe deu
segue em sua direção, segura seu rosto com as duas mãos e a beija, um beijo suave mas nem por isso menos urgente
beija sua testa, se despede e sai
Ela fica, com a certeza de que ele volta, pois ambos sentem o gosto do quero mais.
Escrito por mim, no início dessa madrugada, desse mês de janeiro de 2020.
Nay