Sombras Na Noite
Há aqueles seres que preferem os porões,
Os corredores noturnos, escuros grotões
Como mentes mais podres do ser humano,
Negociando as fraquezas do espírito mundano.
Há aqueles seres que se reúnem em sórdidas campanhas,
Que calam trombetas, cantos, sonhos e tamborins
Iludem a alegria de rostos risonhos, sofridos,
Traçam artimanhas contra esperanças afins
Há aqueles seres que saqueiam as moradas dos fracos
Roubando da mesa as migalhas de pão, como traças
Mancham suores da lida daqueles seres renhidos
Alimentando infortúnios, prejuízos, desgraças
Há aqueles seres que usam o poder dos eleitos
E cospem nos pratos-feitos, amargando a sopa
De corpos gelados, moribundos, sob cobertores de estopa
Aniquilando a certeza da vida sob quaisquer preceitos
Há seres que parecem ser humanos, deveriam ser, mas nunca serão...
(Tim Holanda, Aclimação, São Paulo-SP, 25out2019/ 07/10/2020)