Ligação
É quinta-feira, sete da manhã.
O dia não está bonito para aqueles que amam o sol, mas para mim, que amo a chuva, está perfeito. E ainda acordei feliz, sorrindo como uma boba.
Corri para digitar no celular o bonito sonho que tive com você. Não queria perder nenhum detalhe. Vai que eu esqueço? Não me perdoaria.
Quando terminei, hesitei em enviar a mensagem. Salvei a mensagem e guardei para enviar depois.
Às nove, não aguentei e mandei um áudio. Mas também me arrependi e apaguei.
Fiquei o resto da manhã pensando se deveria ou não compartilhar o lindo sonho que tive com você. Sei que faz tempo que não nos falamos.
Às uma da tarde eu não consegui mais resistir e te liguei. Infelizmente, foi para a correio de voz. Contudo, fui forte e deixei o meu relato para você escutar depois.
Esperei sua resposta pela próxima hora e nada. Não veio.
Decidi limpar o quarto, arrumar guarda-roupa e separar as roupas velhas para doar. Chequei o celular e nem sinal de você.
Para o tempo passar mais rápido, fui fazer o seu bolo favorito. Quando ele estava pronto, você respondeu. Corri para atender a sua ligação. O seu alô me trouxe tantas lembranças. Você começou a me contar que acho lindo o sonho e que também tinha sonhado comigo, mas não sabia se deveria contar. Aquela era a deixa para me contar. Eu sorri abertamente.
Me contou dos seus planos, mas antes que eu pudesse falar algo, você me falou que eu já tinha me contado, pois eu sou a pessoa para quem você quer sempre contar tudo. Soltei o ar que nem sabia estar prendendo. E sorri mais.
Sorri porque nada mudou.
Sorri porque o meu sonho foi real.
E você também sentiu o que eu senti.
Acima de tudo, ainda somos nós.
Sem rótulos, sem clichês, sem adjetivos, sem moldes, ainda somos dois.
No topo da montanha, o mundo é só nosso.