Artifícios da Palavra
Dizem que “quem canta seus males espanta”,
Não precisei cantar para entender os
efeitos terapêuticos da palavra.
Sem dispensar o potencial revigorante da
canção, posso dizer que sobrevivi por ela,
Afinal, dá início, até mesmo para a
música...
“E o verbo se fez carne e habitou entre
nós….”
Assim, tudo começou… Como relata o texto
bíblico.
Tudo ganhou forma, corpo, vida, nome,
sopro...
Dizer de si é sempre um processo
organizador,
Abre portas,
Desfaz mal entendidos,
Liberta monstros,
Constrói pontes para que o sujeito
nomeie a realidade,
Penetra o simbólico, o pensamento, a
abstração…
Sempre me utilizei dela,
A palavra parece edificar processos,
Contextualiza cenários, discrimina
violências, vulnerabilidades, fragilidades, vivências
Em resumo, o dito e o não dito nos
constituem,
Somos produtos destes;
Penetrados por experiências,
Invadidos por contrários,
Descritos pelo outro,
E desde sempre, desnudados e cobertos
pela palavra.