Quarta-Feira de Cinzas
Silenciou batucada,
Desnudou fantasia.
Comeu toda fanfarra,
Bebeu toda folia.
Não tem mais festa,
Não tem mais devaneios risonhos.
Delírios tristonhos,
Enfados sem sonhos.
Aboliu de vez pandegada,
Alvoroço perdeu vividez.
Alegria pasmou-se amuada,
Estroinice inebriava sensatez.
Arlequim não trebelhou multidão,
Colombina se descoloriu.
Pierrô sucumbiu na solidão;
Alegoria desanimada dormiu.
Não se ouviu mais gargalhada.
Cessou-se toda zombaria;
Felicidade ficava embestada,
Tempo tornava apatia.
Nada mais resta.
Nessa festa tudo agora é real,
Hoje a vida cansou de brincar
De fazer carnaval